• Temer prometeu diálogo e presidente utilizou Facebook para destacar combate à corrupção
Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Após avaliar que usou uma estratégia errada ao lidar com as manifestações de 15 de março, levando o problema para dentro do Palácio do Planalto, o governo preferiu evitar se expor, numa tentativa de preservar a presidente Dilma Rousseff. Ao contrário das seguidas entrevistas de ministros convocadas no mês passado, desta vez a reação oficial coube ao vice-presidente Michel Temer.
"O fato de ter menos gente nas ruas não diminui a importância do alerta que está sendo dado pela população, mostrando que é fundamental que o governo compreenda que há necessidade de dialogar e ouvir mais", disse Temer, novo articulador político do Planalto, via assessoria. Mais tarde, na cremação do jurista e ex-ministro Paulo Brossard (mais informações na pág. A12), em Porto Alegre, afirmou: "O governo precisa identificar quais são estas reivindicações e atender estas reivindicações. É isso que o governo está fazendo".
A página do Facebook administrada pelo PT em nome de Dilma postou mensagem afirmando que "o combate à corrupção é uma meta constante" do governo da presidente. O texto destaca que, no mês passado, Dilma encaminhou ao Congresso "um conjunto de medidas que vão permitir maior atuação contra diferentes frentes da corrupção".
O post cita frase de Dilma segundo quem "a guerra contra a corrupção deve ser, simultaneamente, uma tarefa de todas as instituições, uma ação permanente do governo e também, um momento de reflexão da sociedade, de afirmação de valores éticos".
Reunião. A decisão de que caberia a Temer falar pelo governo foi decidida em reunião entre Dilma e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça), na noite de ontem. Hoje, uma nova avaliação das manifestações está prevista, com participação de Temer.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, endossou a fala do vice-presidente dizendo que o governo "está atento" à pauta das manifestações. "Eu penso que, independentemente do seu tamanho, as manifestações devem ser consideradas e reconhecidas", afirmou. Para Edinho, o governo "capitaliza o descontentamento com a forma como foi organizado o sistema político", embora considere os protestos "naturais" e "legítimos".
O Palácio do Planalto continua preocupado com o tamanho e o alcance das manifestações em todo o País. A preocupação aumentou com a mais recente pesquisa Datafolha, que mostra estabilização da perda de popularidade de Dilma - cujo governo é aprovado por só 13% da população -, mas apoio de 63% ao impeachment.
No 15 de março, Cardozo e o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) deram entrevista para avaliar as manifestações. As declarações, exibidas ao vivo na TV, foram recebidas com panelaços em diversas capitais. / Colaborou Vera Rosa
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