• Pessoa ainda inclui na lista Vaccari e parente de ministro do TCU
Vinicius Sassine – O Globo
BRASÍLIA - A lista de pessoas citadas pelo dono das construtoras UTC e Constran no acordo de delação premiada inclui um parente de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), uma autoridade militar com atuação no setor elétrico, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB), segundo fontes com acesso às investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário Ricardo Pessoa assinou anteontem o acordo de delação com a Procuradoria Geral da República e se comprometeu a detalhar o envolvimento de suspeitos em esquemas de propina na Petrobras e em outras empresas públicas. Pelo acordo, ele devolverá R$ 55 milhões aos cofres públicos.
A procuradoria conduz os inquéritos da Operação Lava-Jato sobre denúncias contra políticos com foro privilegiado: 13 senadores e 22 deputados federais são investigados no STF, incluindo os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). São investigados ainda 12 ex-deputados federais, cujos fatos apurados estão conectados às autoridades com foro privilegiado.
O GLOBO revelou que Pessoa citou também o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, e pelo menos cinco parlamentares federais. No caso do parente de um ministro do TCU, a suspeita é de tráfico de influência por parte do dono da empreiteira.
O acordo com a procuradoria tramita sob sigilo e, por isso, não há informação sobre os detalhes citados pelo delator e sobre as circunstâncias do suposto envolvimento das pessoas mencionadas. A partir da assinatura do acordo de delação, que precisa ser homologada pelo STF, Pessoa começará a detalhar a participação dos envolvidos listados nas conversas que antecederam a formalização da delação.
Roseana já é investigada em inquérito no STF por suspeita de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Vaccari é alvo de investigações na primeira instância e de um inquérito no STF que apura suspeitas de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. São os mesmos crimes apurados em inquérito aberto para investigar Lobão.
Vaccari está preso em Curitiba desde 15 de abril. O Ministério Público Federal no Paraná já o denunciou duas vezes: a primeira por conta de suposto recebimento de propina do esquema da Petrobras, que seria convertida em doações oficiais ao PT, e a segunda pela suposta prática de lavagem de dinheiro no valor de R$ 2,4 milhões. Nos dois casos, a Justiça Federal aceitou as denúncias e Vaccari se tornou réu.
Prisão domiciliar desde 28 de abril
O dono da UTC está em prisão domiciliar em São Paulo desde 28 de abril, após ficar preso por seis meses em Curitiba. Acusado de chefiar o esquema de cartel que fatiou contratos da Petrobras, ele usa uma tornozeleira eletrônica e só pode deixar São Paulo com autorização judicial.
A discussão sobre a delação foi feita anteontem com a presença de Pessoa na sede da procuradoria, em Brasília, com a participação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. As discussões duraram mais de quatro horas. Caso o relator dos inquéritos da Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki, homologue o acordo, os depoimentos devem começar na próxima semana.
Esta não é a primeira delação de um empresário do chamado "clube das empreiteiras". O dono do grupo Setal, Augusto Mendonça, além do ex-presidente e o vice-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite, também colaboraram com as investigações em troca de um alívio nas suas penas.
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