• André Vargas (ex-PT), Luiz Argôlo (SD), Pedro Corrêa (PP) e sua filha Aline receberam dinheiro do doleiro Youssef
• É a primeira ação penal proposta contra políticos associados ao esquema de corrupção descoberto na Petrobras
Estelita Hass Carazzai e Flávio Ferreira – Folha de S. Paulo
Petrolão
CURITIBA - Pela primeira vez desde o início da Operação Lava Jato, quatro políticos foram acusados formalmente de corrupção e desvio de recursos da Petrobras pelo Ministério Público Federal no Paraná.
Os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT-PR, sem partido), Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), além de sua filha, a ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP), foram denunciados à Justiça Federal do Paraná nesta quinta (14) pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato.
"Hoje é um dia simbólico", disse o procurador Deltan Dallagnol. Outras nove pessoas também foram denunciadas --entre elas, o doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema, seu funcionário Rafael Ângulo, o publicitário Ricardo Hoffmann, dois irmãos de Vargas, Milton e Leon, e o filho de Pedro Corrêa, Fábio.
A Justiça analisará a denúncia nos próximos dias. Só se ela for aceita, eles passarão a ser considerados réus. Atualmente sem mandato, Vargas, Argôlo e Corrêa estão presos desde abril em Curitiba, onde dividem uma cela. Todos negam as acusações.
Ex-vice-presidente da Câmara, Vargas foi acusado de ter recebido R$ 1,1 milhão em propina da agência de publicidade Borghi Lowe, que tem contratos de R$ 1 bilhão com a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Segundo a Procuradoria, a propina foi repassada a empresas fantasmas controladas por Vargas e seus irmãos.
Pedro Corrêa e sua filha Aline são acusados de ter recebido recursos distribuídos pelo esquema de corrupção na Petrobras. Corrêa foi presidente do PP e, segundo Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, era um dos responsáveis pela distribuição da propina a parlamentares do partido.
Corrêa e a filha são acusados também de nomear uma funcionária fantasma na Câmara e exigir que outra servidora repassasse parte de seu salário ao gabinete, por fora.
'Amor' e 'bebê'
Argôlo, que era do PP antes de se filiar ao Solidariedade, também recebeu dinheiro de Youssef, de quem era amigo. Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostraram que eles se tratavam como "amor" e "bebê".
De acordo com o procurador Paulo Galvão, Argôlo virou "quase um sócio" de Youssef, recebeu propina com os outros parlamentares do PP e atuou para favorecer negócios do doleiro, como um hotel em Porto Seguro (BA).
O ex-deputado também usou 40 passagens pagas pela Câmara para visitar o doleiro em São Paulo, num total de R$ 55 mil. "O valor não é tão expressivo, mas moralmente é muito relevante", disse Galvão.
Ainda nesta quinta, os procuradores anunciaram que a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 241 milhões da empreiteira Camargo Corrêa e outros R$ 302 milhões da Galvão Engenharia, ambas investigadas na Operação Lava Jato.
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