• Decisão afeta Camargo Corrêa, Mendes Júnior e Sanko Sider; Ministério Público denuncia 4 ex-deputados
Renato Onofre e Thais Skodowski* - O Globo
CURITIBA e BRASÍLIA - No mesmo dia em que o Ministério Público Federal denunciou pela primeira vez políticos que tiveram mandatos - Pedro Corrêa (PP), Aline Corrêa (PP), André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (ex-PP, hoje no SD) - no esquema de corrupção na Petrobras, a Justiça Federal do Paraná decretou o bloqueio de R$ 544 milhões das construtoras Camargo Corrêa e Mendes Júnior e da fornecedora Sanko Sider. As medidas foram tomadas quarta-feira, mas anunciadas ontem.
Ao fazer um balanço da Operação Lava-Jato, o procurador Deltan Dallagnol criticou ontem o excesso de recursos no Judiciário, o que, disse, atrasa a restituição de dinheiro desviado. Ele cobrou uma reforma política para evitar novos casos de corrupção envolvendo políticos.
- Precisamos de uma reforma política, de aprovação de medidas contra a corrupção e a impunidade. Todos precisamos cobrar isso dos nossos representantes - disse Dallagnol.
Sobre a necessidade de mudanças no sistema jurídico, ele disse que o país pode levar décadas para recuperar o dinheiro desviado:
- A devolução dos valores pode levar 10, 15 20 anos ou mais. Enquanto não tivermos uma reforma do sistema recursal, teremos períodos tão grandes como esse.
Esquema envolvia contratos de publicidade
Além dos ex-deputados, nove pessoas foram denunciadas em três ações, incluindo os dois irmãos de André Vargas, Milton e Leon Vargas, o filho de Pedro Corrêa, Fábio Corrêa, e o publicitário Ricardo Hoffmann. O doleiro Alberto Youssef e Rafael Ângulo, considerado entregador de propina, também foram denunciados.
- Hoje é um dia emblemático porque fechamos um ciclo e entramos pela primeira vez no núcleo político do esquema - disse Dallagnol.
André Vargas foi acusado de chefiar um esquema de propina a partir de contratos de publicidades, que somam R$ 1,1 bilhão, da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Segundo o MP, R$ 1,1 milhão foi desviado dos contratos de produtoras para o ex-deputado. Os procuradores disseram que as produtoras Conspiração, Sagaz, Zulo, E-Noise e Luiz Portela não sabiam do esquema e, por isso, não foram denunciadas.
Pedro Corrêa, que já cumpre pena por envolvimento no mensalão, é acusado de receber dinheiro desviado da Petrobras. Outros denunciados são Ivan Vernon e Márcia Danzi, funcionários de Corrêa. Ao denunciarem Argôlo, os procuradores revelaram que, das 78 visitas que ele fez a Youssef, pelo menos 40 foram pagas com verba da Câmara dos Deputados. Delagnol disse que o político era "praticamente" sócio do doleiro.
STF quebra sigilo bancário de ex-deputado
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou ontem a quebra do sigilo do ex-deputado João Pizzolati (PP-SC), investigado na Lava-Jato. Teori ainda deu decisão sobre o pedido de quebra de sigilo do senador Fernando Collor (PTB-AL), mas não há informações sobre o teor dessa decisão. (*Especial para O Globo; colaborou André de Souza )
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