sexta-feira, 10 de julho de 2015

Dilma rebate Aécio e diz que não ‘passou por cima’ de nenhuma instituição

• Na Rússia, presidente ressalta que TCU ainda não deu parecer definitivo sobre as contas do governo

Fernando Eichenberg, enviado especial – O Globo

UFÁ (RÚSSIA) - A presidente Dilma Rousseff rebateu nesta quinta-feira o senador Aécio Neves (PSDB-MG). No Congresso, o tucano havia dito na última terça-feira que o‘discurso do golpe’ de Dilma contra o governo faz parte de uma estratégia para inibir instituições, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Da Rússia, onde participa do VII Cúpula dos Brics, a presidente respondeu o adversário:

- Não há nenhuma garantia para que qualquer senador da República, muito menos o senhor Aécio Neves, possa prejulgar quem quer que seja, possa definir o que uma instituição vai fazer ou não. Respeitar a institucionalidade começa por respeitar as instituições, por respeitar suas decisões e o seu caráter autônomo, soberano e independente. A gente não fica discutindo quem é e quem não é golpista. Quem é golpista mostra na prática as suas tentativas, que começam por isso: prejulgar uma instituição. Não há dentro nem do TCU, nem do TSE, a possibilidade de dizer qual será a decisão. Até porque o futuro é algo que ninguém controla. Nem eu, nem ninguém - disse ela, em entrevista coletiva à imprensa brasileira no encerramento da cúpula.

Segundo Dilma, o TCU ainda não deu um parecer definitivo sobre as contas do governo. Por isso, segundo a presidente, “é estranho” que a prejulguem.

- A verdade é a seguinte: em momento algum da minha entrevista (para o jornal “Folha de S.Paulo) eu passei por cima de nenhuma instituição. O TCU ainda nem deu um parecer definitivo sobre as minhas contas. Eles abriram a possibilidade de nós nos explicarmos, e nós vamos nos explicar bem explicado. A mesma coisa o TSE. Eu não passei por cima de nenhuma instituição. Nenhuma instituição se pronunciou. Nesse sentido é estranho que prejulguem. Estranho que se trate como se tivesse havido uma decisão, quando não houve decisão alguma. Acho também que é importante que a imprensa esclareça isso: que instituição que você passa por cima quando não há decisão? Não tem como discutir uma decisão que não houve e não tem como prejulgar, posto que não se sabe qual será a decisão dessa instituição. Ao contrário, quem coloca como já tendo tido uma decisão está cometendo, eu acho, um desserviço para a instituição, para o TCU e para o TSE - declarou.

Em entrevista, Dilma afirmou que não vai renunciar ao mandato porque não tem nenhuma culpa sobre os desvios de dinheiro na Petrobras e que enxerga uma "oposição um tanto quanto golpista" quando se diz que ela não concluirá seu mandato.

Sobre os rumores de que estaria “chateada” com o ministro da Economia, Joaquim Levy, foi irônica;

- Eu, não. Por quê? Quem disse isso? - indagou.

Diante da resposta de que “foram os jornais”, disparou:

- Mas vocês ainda acreditam em jornal? Vocês são interessantes, criam um problema que não existe, e aí querem que eu fale sobre ele. Isso é mentira. Não é verdade. Pergunte para ele se é verdade. Ele inclusive foi comigo para os EUA doente.

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