- Folha de S. Paulo
A temperatura da crise atingiu estado de ebulição, aquele em que agentes e vítimas do processo começam a especular e ensaiar saídas, pois acreditam estar próximos do ponto iminente de mudança do cenário político.
De olho nesse estágio, Fernando Henrique Cardoso convoca o PSDB a ocupar cada vez mais seu espaço na oposição ao lulopetismo, mas cobra responsabilidade de seus seguidores. Algo que andou em falta no ninho tucano neste início de ano.
Tímidos no combate a Lula em seus dois mantados e no primeiro de Dilma, tucanos deram uma radicalizada total --a ponto de votarem propostas irresponsáveis no campo fiscal só para sangrar a petista.
Atento ao alerta de FHC, não por outro motivo o PSDB escolheu o slogan "oposição a favor do Brasil" para convenção do domingo (5) que reelegeu Aécio Neves seu presidente.
Uma tentativa de apagar as últimas votações em que contrariou suas convicções e de lembrar ao eleitorado que se considera a melhor alternativa ao PT para dirigir o país.
Enquanto isso, o PMDB sonha em deixar seu papel de coadjuvante num arranjo esquisito. Age ao mesmo tempo como sabotador e tábua de salvação da presidente --o vice Michel Temer virou fator de sustentação do governo; já Eduardo Cunha e Renan Calheiros atuam como agentes desestabilizadores.
Dentro do PT, a senha para esses momentos de crise sempre foi correr para as ruas. Só que o apoio da população sumiu. Menos de 10% do eleitorado aprova o governo Dilma.
No meio desse turbilhão, a presidente tem repetido, cada vez com mais insistência a seus assessores, que não tem nada a ver com essa confusão toda do petrolão, mas quem está pagando a conta é ela.
Enfim, há risco de o poder presidencial virar fumaça, mas o estado de ebulição pode ser revertido com uma boa ducha fria. Depende dos bombeiros de plantão e de o fogo do petrolão não se alastrar no Planalto.
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