Isadora Peron, Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
• Reconduzido à presidência do partido, senador não mencionou impeachment, mas afirmou que oposição 'não esmoreceu' e prometeu resposta 'corajosa e responsável' à sociedade
Reeleito hoje presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) afirmou que não está conversando com o PMDB sobre a possibilidade de uma aliança caso a presidente Dilma Rousseff seja alvo de um impeachment. "Não cabe ao PSDB antecipar a saída da presidente. Não somos golpistas", disse o tucano.
Reportagem do Estado revelou no sábado, 4, que representantes do PMDB procuraram tucanos para costurar uma aliança em caso de um eventual impedimento da presidente. O presidente da Câmara Eduardo Cunha negou.
Apesar de afirmar que o desfecho da crise política "não depende do PSDB", Aécio disse em entrevista na saída da convenção do partido que a sigla está pronta para "assumir sua responsabilidade".
Em um evento marcado por discursos inflamados, Aécio sinalizou que a legenda pretende por fim ao atual governo. Sem falar em impeachment, o senador afirmou que a oposição "não esmoreceu" e que o PSDB pretende dar uma resposta "responsável e corajosa" à sociedade.
Em sua fala, ele acusou o PT de montar um "modos operandi", no qual "vale tudo" para continuar no poder, e que isso colocava sob suspeita os recursos recebidos pela campanha que elegeu Dilma e o vice-presidente, Michel Temer, no ano passado.
"Os sucessivos escândalos que aí estão consolidam a ideia de que se instalou no Brasil um modos operandi organizado e sistematizado em que vale tudo para se manter no poder, e que agora coloca sob gravíssima suspeição a campanha que elegeu a atual presidente da República e seu vice", disse.
Em diversas oportunidades, Aécio sugeriu que Dilma deixaria o governo antes de 2018, quando estão previstas as novas eleições presidenciais. "Ao final do seu governo, que eu não sei quando ocorrerá, talvez mais breve do que alguns imaginam, os brasileiros terão ficados mais pobres", afirmou.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusou o PT de "quebrar o Brasil" e deixou claro que o PSDB vive hoje a expectativa concreta de chegar ao poder antes de 2018. "Estamos prontos para assumir o que vier pela frente. Precisamos ir até o fim para que o Brasil seja passado a limpo", afirmou.
'Fundo do poço'. Em seu discurso na convenção, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin fez duras críticas ao partido da presidente Dilma Rousseff e afirmou que o único legado da sigla foram os escândalos de corrupção na Petrobrás. "O PT chegou ao fundo do poço e cabe a nós a missão de não deixar carregar o Brasil junto com eles", disse.
Alckmin emendou críticas ao ajuste fiscal e apontou que a conta pesa no bolso dos mais pobres: "Ficou claro que o PT não gosta dos pobres, do social, gosta do poder a qualquer preço", disse. Ele não poupou o ex-presidente Lula, afirmando que o "povo não é bobo" e que sabe que o petista também é responsável pela atual situação do País.
Parlamentarismo. O senador José Serra (SP) também discursou no evento e defendeu o parlamentarismo como forma de governo. Segundo ele, essa é a melhor forma de governo porque permite a troca "sem traumas" do primeiro-ministro, diferentemente do que acontece hoje no presidencialismo.
A ideia vem sendo defendida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "No parlamentarismo, quando o governo vai mal, ele é trocado, sem traumas", afirmou Serra.
O tucano comparou o governo Dilma ao do presidente João Goulart, destituído do cargo pelos militares. "Infelizmente não é só uma crise econômica, é uma crise política, de valores. Esse é o mais fraco governo que eu tenho memória em toda a minha vida. O de Jango, em 1964, era de uma solidez granítica se comparado com o de Dilma", afirmou.
Intervenção. Presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (SP) participou da convenção e somou sua fala ao coro. Mais radical, porém, ele defendeu a "intervenção das forças democráticas" para tirar a presidente Dilma do poder. "Já não se fala mais em governo, se fala de pós-Dilma", disse.
Segundo Freire, a melhor alternativa seria a convocação de novas eleições após a cassação do mandato da presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ele afirmou que o Congresso tem que estar preparado para analisar um processo de impeachment caso o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeite as contas do governo.
Apesar de ter apoiado o PSB na campanha presidencial do ano passado, Freire afirmou que o " PSDB, como maior partido de oposição, tem que estar preparado para qualquer das alternativas".
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