• Sabatina do procurador da República está marcada para o dia 26
Cristiane Jungblut e Vinicius Sassine – O Globo
-BRASÍLIA- A uma semana de enfrentar a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encontrou-se ontem com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que é alvo de inquérito na Operação Lava-Jato e poderá ser denunciado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo próprio Janot.
Renan disse que os dois não falaram sobre a Lava-Jato, e prometeu que fará de tudo para agilizar a recondução de Janot, fazendo com que ocorram votações no mesmo dia na CCJ e no plenário do Senado. O presidente do Senado disse que, neste momento de “preocupação nacional”, é importante dar normalidade ao processo e agilizá-lo. A sabatina e a votação estão marcados para o dia 26.
— O encontro foi importante, uma visita institucional. É muito bom que as instituições conversem. Está caminhando dentro daquilo que se esperava, e a visita dele é muito importante porque significa que as instituições estão conversando — disse Renan, que depois de acusar o governo de estar por trás da Lava-Jato, aproximou-se na última semana e apresentou uma lista de projetos que podem ajudar o Executivo a combater a crise.
A ideia é que seja lido amanhã na CCJ do Senado o parecer do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), favorável à recondução de Janot. Ontem, Renan disse que, ao visitá-lo, o procurador-geral repetiu o que já tinha feito ao ser indicado pela primeira vez para chefiar o MPF, há quatro anos.
— Falei do meu compromisso de agilizar o procedimento e do calendário, que é regimental. As coisas estão andando normalmente. Tudo que precisar ser feito pelo Legislativo será feito para que a gente possa finalizar com normalidade neste momento de preocupação nacional — disse Renan.
As votações, tanto na CCJ quanto no plenário, serão secretas. A expectativa dos líderes aliados de Renan é que a recondução de Janot seja aprovada, apesar das restrições de políticos investigados na Lava-Jato, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Crítica ao inquérito policial
O procurador- geral saiu do Senado sem falar. Mais cedo, ao participar do lançamento de pesquisa sobre tramitação de investigações criminais, Rodrigo Janot criticou o inquérito policial como instrumento para investigar casos de corrupção e colarinho branco. Ele disse que esse modelo está “esgotado”, e defendeu a adoção de novos procedimentos de investigação desses crimes.
Para Janot, a “cultura sectária e individualista” na condução de apurações precisa ser abandonada para melhorar os resultados das investigações.
— Métodos clássicos, antigos, encontram-se esgotados, possuem pouca eficiência e efetividade para alcançar a criminalidade contemporânea, sofisticada, a chamada elite do crime. O inquérito policial, por exemplo, foi criado em 1871 e preservou suas linhas gerais — disse o procurador-geral.
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Marcos Leôncio Ribeiro, disse que há “um projeto de poder” na crítica de Janot.
— É falsa a premissa de que todo inquérito vai resultar em denúncia. Esse é um viés ideológico do Ministério Público — criticou Leôncio.
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