Por Andrea Jubé e Raymundo Costa
BRASÍLIA - Preocupado com o agravamento da crise econômica e política vivida pelo país, o vice-presidente Michel Temer fez ontem um apelo dramático pela "reunificação do país". Articulador político do governo, Temer revelou preocupação com o impacto negativo nas contas públicas de projetos aprovados no Congresso e pediu ao Senado que atue como "para-choque" de propostas que passem pela Câmara dos Deputados.
"É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar a todos. Estou tomando a liberdade de fazer este pedido porque, caso contrário, podemos entrar numa crise desagradável para o país", advertiu o vice-presidente, durante entrevista. Antes de conversar com os jornalistas, reuniu-se com vários ministros, entre eles Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, e pela manhã já havia se encontrado com os líderes aliados no Congresso.
"Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvidas de que é grave. E é grave porque há uma crise política se ensaiando e uma crise econômica que precisa ser ajustada", alertou. "Mas para tanto é preciso contar com o Congresso e com os vários setores da nossa sociedade".
Temer disse que, se os problemas não forem enfrentados, haverá repercussão negativa para a imagem do país. Ele exortou os políticos a deixarem de lado, neste momento, interesses partidários "para resolver os problemas do país, acima dos partidos, acima do governo".
A presidente Dilma Rousseff desencadeou, por sua vez, uma ofensiva para tentar retomar a iniciativa política e esvaziar as articulações em favor do impeachment ou de um pacto com a oposição para dividir o governo. O objetivo é convencer os líderes partidários de que conta com o apoio do "PIB nacional" para enfrentar a crise. Segundo interlocutores da presidente, grandes grupos empresariais têm se reunido para discutir a crise. Nessas conversas haveria consenso de que Dilma ainda representa a melhor solução para enfrentar a turbulência atual.
Para Temer, crise política se agrava
O vice-presidente Michel Temer e articulador político do governo fez ontem um apelo dramático ao Congresso Nacional, aos empresários e demais setores da sociedade para que haja uma "reunificação do país". Temer, conhecido pela postura sóbria, usou a palavra "grave" três vezes e alertou que o país caminha rumo a uma "crise desagradável", com repercussão no exterior.
"É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar a todos, estou tomando a liberdade de fazer este pedido porque, caso contrário, podemos entrar numa crise desagradável para o país", alertou o vice, em tom emocionado.
Apesar do agravamento da crise, o vice não pretende deixar a coordenação política, segundo relato de interlocutores próximos ao pemedebista. De acordo com esta versão, a manifestação de Temer seria um alerta para o risco real de agravamento do quadro político e econômico.
"Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvidas de que é grave. E é grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica que precisa ser ajustada", alertou. "Mas para tanto é preciso contar com o Congresso Nacional e com os vários setores da nossa sociedade", exortou.
Temer convocou a imprensa para fazer o apelo às lideranças políticas, empresariais e demais setores da sociedade brasileira. Ele fez o apelo ao final de uma sequência de reuniões com ministros e lideranças da base aliada no Senado e na Câmara. Ontem ele se reuniu com Joaquim Levy, da Fazenda, Nelson Barbosa, do Planejamento, José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Luis Inácio Adams, da Advocacia Geral da União. À noite, recebeu a visita do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e do presidente da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, Moreira Franco. Ambos reforçam a articulação política no Senado e na Câmara.
"Quando se inaugura esse segundo semestre, agrava-se uma possível crise. Precisamos evitar isso em nome do Brasil, do empresariado brasileiro, dos trabalhadores. É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar a todos".
Ele alertou que o aprofundamento da crise terá impacto lá fora. "Temos que ter uma atuação aqui no Brasil que repercuta positivamente no exterior. Se não tomarmos cuidado, nossa atuação poderá repercutir negativamente no exterior", ressaltou.
Temer decidiu falar diante de dois alertas de "bombas-fiscais": a votação da proposta de emenda constitucional que vincula os salários dos advogados da União, delegados e agentes policiais a 90,25% da remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal, na Câmara; e no Senado, o adiamento do projeto de desoneração da folha de pagamento das empresas, item do ajuste fiscal que a equipe econômica agora luta para que possa entrar em vigor pelo menos no ano que vem.
Temer disse que é necessário agir acima de interesses partidários. "Temos a ideia do partido político como um valor do governo, mas nessa pauta de valores, o mais importante é o valor-Brasil", sustentou. "Estamos pleiteando, exata e precisamente, que todos se dediquem a resolver os problemas do país, acima dos partidos, acima do governo".
Em café da manhã com líderes da base no Senado, e depois com os líderes na Câmara, numa reunião considerada tensa e ríspida, Temer se disse preocupado com as recorrentes traições da base. Segundo participantes do encontro, foi uma conversa "dura" e um "choque de realidade". O vice fez a avaliação de que a base tem faltado ao governo não de maneira eventual, mas a todo momento, como se estivesse descomprometida com a gestão.
Hoje, o vice-presidente estará em São Paulo, para receber uma homenagem do governador paulista Geraldo Alckmin, uma das principais lideranças tucanas. Temer era secretário de Segurança Pública em 1985, ocasião em que criou a delegacia da Mulher, há exatos 30 anos. (Colaboraram Vandson Lima e Thiago Resende)
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