• Ex-diretor tem a intenção de apontar políticos com foro privilegiado
Germano Oliveira – O Globo
CURITIBA - O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, acusado de arrecadar propinas para o PT, deu início ontem ao processo de delação premiada com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal. Duque participou de uma reunião de duas horas com procuradores do Ministério Público Federal do Paraná e de Brasília. Ele disse aos procuradores e policiais que está disposto a contar o que sabe da corrupção na Petrobras, quem o nomeou, por que o nomeou, quanto se arrecadou em propinas na sua área e como o dinheiro chegava ao PT.
A presença dos procuradores de Brasília tinha explicação: Duque tem intenção de apontar o envolvimento de políticos com foro privilegiado, ou seja, no exercício do mandato.
Segundo o Ministério Público Federal, Duque foi indicado ao cargo de diretor da Petrobras em 2003 pelo lobista Fernando de Moura, também investigado pela Lava-Jato e apontado como próximo ao ex-ministro José Dirceu.
Dirceu teria autorizado a indicação de Duque, o que foi considerado pelos procuradores da Lava-Jato como um indício de que o ex-ministro foi um dos responsáveis pelo esquema de corrupção na estatal. Os advogados de Dirceu negam o envolvimento dele.
A reunião de ontem foi a primeira de uma série de encontros que Duque terá com a força-tarefa da Lava-Jato. Os procuradores vão avaliar se devem ter o ex-diretor da Petrobras como delator. Antes, Duque tem que contar novidades para as investigações e dar provas de que o que falará é verdade.
Se a delação do ex-diretor for aceita, Duque será o 24º delator da Lava-Jato. O juiz Sérgio Moro também tem de homologar o acordo, pois ele prevê a liberdade para o acusado, que vai para casa cumprir prisão domiciliar. Isso já acontece com outro ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
A primeira reunião da delação foi acompanhada pelo advogado do ex-diretor da estatal, Marlus Arns de Oliveira, que foi contratado pela família de Duque para encabeçar o processo de colaboração premiada com o termo de confidencialidade.
- Vocês (jornalistas) vão me desculpar, mas hoje não posso falar nada - disse o advogado, que representou também os Ex-executivos da Camargo Corrêa que optaram pela delação premiada, Dalton Avancini e Eduardo Leite, presidente e vice-presidente da construtora, respectivamente.
Também os procuradores optaram por não dar entrevistas, nem na chegada e nem na saída. O procurador Carlos Fernando de Souza Lima, que conduz o processo da delação premiada de Duque, disse que não poderia dar qualquer detalhe sobre a reunião na sede da Polícia Federal de Curitiba.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo deve votar na próxima reunião do conselho, no dia 24, a suspensão e/ou a expulsão do ex-ministro José Dirceu. O processo, que corre em sigilo, teve início no Distrito Federal, quando um advogado entrou com o pedido em 2013. O petista, preso preventivamente na última segunda-feira, ainda possui registro no Cadastro Nacional dos Advogados da OAB em situação regular.
Para que o ex-ministro perca a inscrição na Ordem, dois terços dos 80 integrantes titulares do conselho precisam aprovar a exclusão, punição mais grave. O conselho também pode optar por uma suspensão. O advogado do petista, José Luis Oliveira Lima, afirmou que aguarda a votação. (Colaborou Julianna Granjeia)
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