• Cúpula teme que acordo de presidente da OAS isole o empresário
Andréia Sadi, Gabriel Mascarenhas e Natuza Nery – Folha de S. Paulo
Desanimados com a evolução da Operação Lava Jato, integrantes da cúpula da Odebrecht começaram a discutir , reservadamente, cenários envolvendo um acordo de delação premiada de Marcelo Odebrecht com a Justiça. A Folha apurou que um interlocutor da empreiteira próximo a Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, relatou em conversas reservadas que uma das preocupações do grupo que cogita a colaboração é que, diante do volume de delações premiadas —22 até agora— na Lava Jato, o executivo preso que falar por último terá pouco a colaborar com os investigadores. Isso dificultará um acordo e, consequentemente, um alívio na eventual punição de Marcelo Odebrecht.
O temor cresceu após membros da empresa dizerem ter informações de que o dono da OAS, Léo Pinheiro, está negociando uma colaboração em troca de benefícios judiciais. Pinheiro e seus advogados negaram a movimentação, após a articulação ter sido revelada pela revista "Veja" há duas semanas. Nesta quarta (5), a Justiça Federal do Paraná condenou Pinheiro a 16 anos de reclusão. Cabe recurso à decisão. A avaliação de pessoas próximas a Marcelo é que, se Pinheiro falar , o dono da Odebrecht ficará mais isolado.
Os empresários Ricardo Pessoa, dono da UTC, o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e o ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, já colaboraram com as investigações sobre desvios na Petrobras em busca de abrandamento da pena. Nas palavras de um amigo de Marcelo, "" se ele tiver que falar , melhor que fale logo"". A reportagem não conseguiu confirmar se a ideia de membros da cúpula da Odebrecht já foi discutida com Marcelo. O recurso da delação, no entanto, enfrenta oposição dos advogados atuais do executivo.
A defensora do empresário, Dora Cavalcanti, rechaça a colaboração. A Folha procurou Dora, mas ela não retornou as ligações da reportagem. A construtora negou qualquer conversa nesse sentido. A possibilidade de delação do executivo já chegou à Polícia Federal em Curitiba. Desde que foi decretada a segunda prisão preventiva de Marcelo, no último dia 24, investigadores começaram a receber informações de que ele poderia fazer um acordo.
Assim como as demais empresas envolvidas na Lava Jato, representantes da Odebrecht procuraram a CGU (Controladoria- Geral da União) para colher informações sobre como funciona o acordo de leniência. O contato ocorreu no passado, e a construtora não voltou a sinalizar interesse no acordo. ACGU disse que não iria se manifestar sobre o tema.
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