Por Thiago Resende - Valor Econômico
BRASÍLIA - Em discurso com tom político a empresários e parlamentares, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ontem que, diante de um "contexto de terror" e equívocos da presidente Dilma Rousseff, novas ações são necessárias, entre elas a reforma tributária, que ele quer colocar em votação. "Estamos debaixo da tempestade perfeita. E essa tempestade perfeita precisa ser combatida. O governo precisa ajustar as suas contas, mas nós precisamos saber onde está a luz no fim do túnel. O que nós vimos até agora é só túnel", afirmou, crítico à política econômica.
Durante o lançamento da Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Cunha disse que a proposta do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para rever a política de desoneração da folha de pagamentos foi um erro. O projeto de lei retira incentivos dados a empresas num período de crescimento econômico, mas esse "reoneração" está sendo feita num momento de recessão. "Ou seja, fez exatamente o inverso", avaliou o pemedebista.
Essa é uma das principais medidas do ajuste das contas públicas visado pela presidente Dilma. O objetivo é evitar que o Brasil perda o grau de investimento na avaliação de agências de risco. Isso agravaria a crise econômica. Cunha, no entanto, ressaltou que o problema do país não vai ser resolvido somente com o ajuste fiscal. "Precisamos ter planejamento. A indústria de máquinas vai ser competitiva?", acrescentou.
Cunha lembrou que criou uma comissão na Câmara para, em cerca de 30 dias, apresentar uma proposta de reforma tributária que reúna diversos projetos em tramitação na Casa. A ideia, segundo ele, é construir um texto visando melhorar o ambiente de negócios no nosso país. Defendeu ainda que uma limitação da carga tributária - uma das principais reclamações de empresários - em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Estamos em um período de retração da economia, juros elevados, inflação em áreas administradas pelo governo, a indústria perdeu competitividade no mercado externo e interno, a alta no preço da energia elevou os custos de produção e, em uma situação de desajuste das contas públicas, o governo decidiu cortar investimentos e não despesas, elencou o pemedebista, aplaudido ao traçar esse panorama econômico crítico ao governo.
No evento, empresários relataram perda de receitas e até demissões. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), mais de 30 mil vagas foram cortadas nos últimos 12 meses. A Frente Parlamentar em defesa do setor reúne cerca de 280 deputados e senadores que vão acompanhar os temas de relevância para as companhias consideras por eles "a indústria das indústrias", pois os produtos abastecem outras empresas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário