quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Temer faz apelo por união e pensamento acima dos partidos

• Em tom emocionado, vice-presidente reconhece gravidade da crise política e econômica e passa o dia em reuniões com líderes e ministros

- O Estado de S. Paulo

Responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, o vice-presidente Michel Temer fez ontem um apelo público ao dizer que o Brasil precisa que "alguém tenha a capacidade de reunificar" e evitar "uma crise desagradável para o País". A declaração, em tom emocionado, foi dada após uma tensa reunião com partidos aliados, num momento em que o governo reconhece ter perdido o controle da base e não consegue fazer a economia sair da recessão, agravada pelas investigações da Operação Lava Jato. Pela manhã, o vice-presidente recebeu líderes da base no Senado no Palácio do Jaburu; depois, conversou no Planalto com líderes da base na Câmara; e recebeu, na sequência, os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral), José Eduardo Cardozo (Justiça).

"Eu queria fazer uma declaração precisamente em face das várias autoridades do Legislativo e do Executivo que passaram aqui pelo meu gabinete. A declaração eu quero fazer, na verdade, aos vários setores da sociedade brasileira", iniciou o vice-presidente. "Na pauta dos valores políticos temos, muitas vezes, a ideia do partido político como valor, do governo como valor, e do Brasil como um valor. Mas nessa pauta de valores o mais importante é o valor Brasil, o valor País, e estamos pleiteando exata e precisamente que todos se dediquem a resolver os problemas do País", disse Temer.

"Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvidas de que é grave, porque há uma crise política se ensaiando, uma crise econômica que está precisando ser ajustada mas, para tanto, é preciso contar com o Congresso Nacional, com os vários setores da nacionalidade brasileira." Temer reconheceu que a volta do recesso parlamentar agravou a crise. Na véspera, o Planalto foi surpreendido pela traição na base e não conseguiu barrar o reajuste salarial aos servidores da Advocacia-Geral da União (AGU) nem evitar o alijamento do PT de CPIs como a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.

A reunião com líderes da Câmara foi a mais tensa do dia – dos senadores, Temer ouviu que a Casa não teria "pauta-bomba" que eleve os gastos públicos. Após o encontro com os deputados, classificada no Planalto como "catastrófica", o vice-presidente chamou os jornalistas para repetir o que havia dito aos líderes. "É preciso que alguém tenha a capacidade de reunificar, reunir a todos e fazer este apelo e eu estou tomando esta liberdade de fazer este pedido porque, caso contrário, podemos entrar numa crise desagradável para o País", afirmou Temer.

"Os brasileiros querem que o Brasil continue na trilha do desenvolvimento e, por isso, mais uma vez, reitero que é preciso pensar no País acima dos partidos, acima do governo e acima de toda e qualquer instituição. Se o País for bem, o povo irá bem. É o apelo que eu faço aos brasileiros e às instituições no Congresso Nacional." O vice lembrou o efeito da crise fora do País.

"Temos de ter atuação que repercuta positivamente no exterior. Se não tomarmos cuidado, nossa ação pode repercutir negativamente no exterior", completou. O apelo de Temer já obteve respaldo. Após se reunir como vice, Levy disse ser preciso "tranquilidade e firmeza para continuar o diálogo para alcançar as soluções que o Brasil precisa". "Ninguém quer uma ruptura em nenhum aspecto, a gente precisa é garantir a recuperação econômica."

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