sábado, 26 de setembro de 2015

Em 12 meses, Brasil fecha1 milhão de vagas formais

• Em agosto foram cortados 87 mil postos, pior resultado desde 1995

Brasil encerra quase 1 milhão de vagas formais em 12 meses

  • SP perdeu maior número de postos; AM tem maior porcentagem de cortes


  • Serviços e comércio, que ainda tinham saldo positivo de carteiras assinadas, entraram também no vermelho

Bruno Villas Bôas – Folha de S. Paulo

RIO - O mercado de trabalho cortou 985,7 mil vagas de carteira assinada em 12 meses até agosto. Essa é a diferença entre as contratações e demissões de trabalhadores no período, segundo dados do Ministério do Trabalho.

Em agosto foram encerradas 86,5 mil vagas formais, o quinto resultado negativo consecutivo e pior saldo para o mês desde 1995 (-116,9 mil). Das vagas fechadas em 12 meses, a indústria de transformação (-474,7 mil) e a construção civil (-385,2 mil) foram responsáveis por 88% das perdas. Todos os setores, porém, estão no vermelho.

Como outras atividades da economia, a indústria sofre com a recessão, baixa demanda e estoques altos. Na indústria, os 12 ramos monitorados ceifaram vagas.

Trem fantasma
Motor do emprego nos últimos anos, os serviços passaram a acumular perda de 41,2 mil vagas em 12 meses. Já o comércio cortou 43,5 mil vagas. Até julho, os setores ainda tinham saldo positivo no período de 12 meses.

"Serviços e comércio embarcaram agora nesse trem fantasma da economia. Os empregos temporários de fim de ano devem ser afetados", disse Fabio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

As demissões devem continuar nos próximos meses. A CNC prevê a perda de 1,2 milhão de empregos, o mesmo que a GO Associados. A Tendências estima corte de 1,5 milhão de empregos.

O pior resultado da história recente do mercado de trabalho foi registrado em 1998, no governo Fenando Henrique Cardoso. Naquele ano foram fechadas 580 mil vagas com carteira assinada.

O Estado de São Paulo foi, em termos absolutos, o que mais perdeu empregos neste ano. Foram 333 mil vagas formais a menos, uma queda de 2,56% do estoque total.

Em termos relativos, os cortes de emprego foram maiores no Amazonas, com queda de 5,27% nos últimos 12 meses, com a perda de 25 mil postos de trabalho.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que existe a possibilidade concreta de mais de 1 milhão de empregos formais serem perdidos neste ano.

Ele pontuou que os cortes desaceleraram de julho (-151 mil) para agosto (-87 mil).

Mas esse movimento não considera a sazonalidade (variação que ocorre em ciclos ao longo do ano).

Historicamente, agosto é um mês melhor do que julho. Sem efeito sazonal, os cortes sobem de 156,3 mil em julho para 176,9 mil, segundo a consultoria Tendências.

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