• ‘Ótimo, então ele quer a reforma da Previdência’, disse ministro
- Sérgio Roxo - Globo
Defensor dentro do governo de uma reforma da Previdência para reequilibrar as contas públicas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aproveitou ontem uma pergunta feita por jornalistas para tentar, em tom irônico, envolver o vice-presidente Michel Temer (PMDB) no tema. Em almoço com empresários do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), num hotel de São Paulo, Temer, que é presidente em exercício já que Dilma Rousseff está em Nova York, avaliou que a chance de a volta da CPMF ser aprovada no Congresso é muito pequena. A proposta de retomar o tributo foi lançada pelo governo federal como um mecanismo para permitir o aumento de R$ 32 bilhões na arrecadação e, assim, garantir o superávit fiscal no ano que vem. Cerca de meia hora depois da saída de Temer, Levy chegou para se encontrar com os mesmos empresários, foi questionado sobre a previsão do vice-presidente e respondeu de forma irônica:
— Ótimo, então ele quer a reforma da Previdência. Precisamos de um reequilíbrio fiscal. Como ele conhece o Congresso, está dizendo que vai aprovar a reforma da Previdência — disse.
A reforma da Previdência é considerada impopular porque incluiria a adoção de critérios mais rígidos para a concessão de pensões e aposentadorias.
Na saída, o ministro da Fazenda falou sobre a manutenção pelo Congresso dos vetos da presidente Dilma Rousseff a medidas que aumentariam os gastos do governo. O ministro comemorou as votações desta semana.
— Eu acho que foi um avanço muito importante na questão da votação para manter os vetos. Porque a gente sabe que cada veto mantido é um imposto que você não precisa pagar. Então, acho que agora o mais importante é manter os vetos na votação da semana que vem ( no Congresso) — afirmou Levy.
Já Temer saiu do encontro com os empresários do varejo sem dar declarações. A reunião foi fechada.
— (Temer) Não falou se apoia ou não apoia a CPMF. Disse apenas que vai ser muito difícil de ser aprovada no Congresso — contou Nelson Kheirallah, da Camisaria Colombo.
No almoço, a pergunta sobre a volta do tributo havia sido feita pela empresária Ana Luiza Trajano, do Magazine Luiza, que já foi cotada para integrar o ministério de Dilma.
Segundo José Galló, das Lojas Renner, o vice foi cobrado ainda sobre a necessidade da adoção de medidas para destravar a economia.
— Ele se colocou à disposição e voltou a afirmar a importância de os empresários serem protagonistas — relatou Galli, que defendeu o aumento da Cide em substituição à CPMF.
Vice minimiza risco de impeachment
Ana Luiza Trajano também perguntou ao vice-presidente sobre a possibilidade de Dilma sofrer impeachment. Segundo empresários presentes, Temer minimizou a movimentação política pela saída da presidente e disse que o país não vive uma crise institucional que ponha em risco o mandato da petista.
Temer atribuiu as dificuldades de Dilma ao grande número de partidos existentes no país e também aconselhou os empresários a procurarem os líderes dos partidos para falar sobre as dificuldades que têm enfrentado “no mundo real”.
O peemedebista adotou o discurso do governo e atribuiu as dificuldades da economia ao cenário internacional. Também se mostrou otimista sobre a recuperação do quadro.
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