• Ex-presidente diz que saída de Dilma não basta para reestabelecer a ordem política
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em artigo publicado no domingo (6), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que a crise atual é tão grave que sua solução não se limita à "remoção do obstáculo mais visível a um reordenamento político", a presidente Dilma Rousseff, mas defende a formação de "um novo bloco de poder que tenha força suficiente para reconstruir o Estado Brasileiro".
O texto foi publicado nos jornais "O Globo", "O Estado de S. Paulo" e no "El País". Nele, o tucano diz que o novo bloco de poder não dependeria apenas da união de diversas legendas.
"Bloco de poder não é um partido, nem mesmo um conjunto deles, é algo que engloba, além dos partidos, os produtores, os consumidores, os empresários e os assalariados, e que se apoia também nos importantes segmentos burocráticos do Estado, civis e militares", afirma.
O ex-presidente escreveu num momento em que as articulações pelo impeachment de Dilma ganharam fôlego no Congresso e o vice-presidente, Michel Temer, tem se afastado da petista no Planalto.
FHC ressaltou que não se trata "de um golpe". "Dele não se cogita, porque inaceitável", afirma. O tucano diz que é preciso um "reconhecimento explícito da situação pré-falimentar em que nos encontramos". "Disto se trata agora: o país quebrou, a economia vem sendo arrastada para o fundo do poço".
Ele voltou a explicar porque se referiu à renúncia de Dilma como um dos caminhos o fim da crise.
"Porque, no fundo, é este o grito parado no ar. Não foi a única alternativa que coloquei, mas foi a que, subconscientemente, à maioria dos que me leram pareceu ser a solução mais simples e menos custosa para sairmos do impasse", disse.
O tucano diz que foi criticado após a fala, argumenta que a renúncia não parece a saída mais provável "dada a personalidade de quem teria de fazer o gesto de grandeza".
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