- Folha de S. Paulo
Dilma Rousseff tem a fama de ser lenta em tomar decisões, só que o momento demanda ações rápidas para, na visão de interlocutores da petista, evitar o pior.
Um deles cita três casos em que, na sua opinião, a lentidão presidencial custou caro para ela e para o país. As demissões de Guido Mantega e Graça Foster e as mudanças nas regras das concessões de rodovias.
Nos três exemplos, a demora resultou: numa economia em frangalhos, numa Petrobras endividada e paralisada e no atraso em investimentos essenciais para o país.
Agora, porém, não dá mais para sentar em cima de decisões. Até que, nas últimas semanas, ela procurou ser rápida no gatilho, porém...
Aprovou não antecipar o pagamento do 13º para os aposentados e recuou. Deu aval para a volta da CPMF e recuou. Concordou com a ideia do Orçamento de 2016 com deficit e já está recuando de novo.
Os contratempos recentes, contudo, não podem servir de justificativas para voltar àquela velha rotina de centralizar tudo e demorar uma eternidade para tomar decisões, marca de seu primeiro mandato.
Mesmo porque, ao contrário de antes, hoje Dilma corre contra o relógio. Apesar do discurso otimista palaciano, descolado da realidade, o risco é de piora das crises gêmeas –política e econômica– na virada deste ano para o próximo.
Um aliado resume esta percepção ao dizer que, se nada for feito e rapidamente, em breve "os coxinhas vão ganhar a companhia dos desempregados" nas ruas. O dinheiro do seguro-desemprego vai acabar e a insatisfação só irá aumentar.
Sem falar que será um Deus nos acuda na economia se o Brasil perder seu grau de investimento. O dólar vai disparar de vez, os juros terão de subir e a recessão se aprofundar.
Daí que a presidente tem sido aconselhada a dar uma virada em seu governo. Sem demora. Por pura questão de sobrevivência. Dela e de seu grupo mais próximo.
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