- Folha de S. Paulo
É do matemático Alfred North Whitehead a afirmação de que toda a filosofia ocidental não passa de notas de rodapé a Platão. Se quisermos exagerar só um pouquinho mais, podemos dizer que a própria vida não passa de variações em torno das histórias e mitos gregos. Dilma Rousseff não é exceção.
Ela parece seguir os passos de Pirro 1º, rei do Épiro, primo de Alexandre, o Grande, que se envolveu num bom número das batalhas na parte europeia do Mediterrâneo no século 3º a.C. Foi numa delas, a de Ásculo, em 279 a.C., que derrotou os romanos, mas com tamanhas baixas –ele perdeu a maior parte de suas forças, bem como seus principais comandantes e amigos mais íntimos– que teria exclamado ao fim do embate: "Outra vitória igual a esta será o meu fim!". Pirro acabaria expulso da península Itálica, mas conquistou seu lugar na história ao emprestar seu nome à expressão "vitória de Pirro".
Dilma venceu a eleição do ano passado, mas é só agora que o preço vai ficando claro. Para não tomar medidas impopulares, ela prolongou para além do limite da responsabilidade uma política econômica fracassada, comprometendo assim a saúde financeira do setor público.
Pior, durante a campanha ela não apenas mentiu sobre a real situação do país e sobre as perspectivas para o futuro como, após a vitória, se apressou a adotar as medidas econômicas que acusara seus adversários de planejar. As insinceridades lhe custaram muitos pontos de popularidade, além dos aliados à esquerda.
Com as finanças públicas e o prestígio pessoal combalidos, viu-se sem recursos para seguir comprando o apoio da chamada base aliada, que agora flerta com a possibilidade de dar o golpe de misericórdia e assumir diretamente o trono, o que precipitou o país numa crise política para a qual não se vislumbra saída fácil.
Outra vitória igual a esta e será o fim do Brasil, é a frase que resume os últimos anos de nossa história.
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