• De nada vão adiantar palavras de apoio a Joaquim Levy, se não houver uma coordenação de ações pela presidente Dilma Rousseff
Adriana Fernandes e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo
Tem tudo para ter fôlego curto a operação "abafa crise" na equipe econômica comandada hoje pelo Palácio Planalto. A reunião da Junta Orçamentária diminui emergencialmente a pressão (com reflexos na Bolsa e no câmbio), mas de nada vão adiantar palavras de apoio ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se não houver uma coordenação de ações pela presidente da República, Dilma Rousseff.
A percepção de fragilidade que tanto incomoda o ministro da Fazenda por conta de divergências sobre os rumos que estão sendo tomados até agora na política fiscal não vai mudar simplesmente porque a presidente colocou numa sala Levy ao lado dos ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).
É sobre a direção a ser tomada daqui para frente que reside o destino do ministro. Ou ele mostra para o mercado que realmente está sendo ouvido pela presidente, com suas ideias sendo implementadas, ou vai perder de vez as condições de permanecer no cargo.
Levy não pode ver a condução da política fiscal - que é do Ministério da Fazenda - ser transferida de fato para o Planejamento, como foi a sensação transmitida aos políticos e aos agentes econômicos nas últimas semanas. A presidente tem que controlar o tiroteio que parte dos seus auxiliares, pelo menos.
O PT assiste à "fritura" do titular da Fazenda na espreita de tentar impor ao governo uma mudança na política econômica, se possível, comandada por Barbosa. Um novo ato com o slogan "Fora Levy!" deve ocorrer no próximo fim de semana com a presença de integrantes da cúpula do partido.
Na semana que vem, senadores do partido prometem deflagrar ação para pedir apoio do governo a propostas que preveem a cobrança de imposto de renda em lucros e dividendos de empresas e revogar a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio. Um importante "petista-torcedor" avalia que Levy já "perdeu o timing de sair". É um exagero retórico, mas Dilma tem de saber o que quer do seu ministro, sob pena de ele virar uma peça decorativa, dentro de um governo cada vez mais fraco e confuso.
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