• Tucanos apostam em sentimento antipetista para eleger candidatos ao redor da capital paulista
Silvia Amorim, Sérgio Roxo - O Globo
- SÃO PAULO- O cenário eleitoral que se desenha para 2016 na única região do estado de São Paulo onde o PT tem supremacia política em relação ao PSDB aponta para um enfrentamento entre petistas e tucanos dos mais acirrados. A crise política e econômica, que desgasta o governo Dilma Rousseff e o PT, reavivou o interesse dos tucanos pelo chamado Cinturão Vermelho paulista, um conjunto de oito prefeituras administradas pelo PT ao redor da capital.
Algumas delas, como Guarulhos e Osasco, estão no comando da sigla há 15 e dez anos, respectivamente. Diferentemente de eleições anteriores, o planejamento do PSDB para o próximo ano é lançar candidato próprio em todos esses bastiões petistas.
Duas cidades são os maiores objetos de desejo do PSDB: Guarulhos e São Bernardo. Isso porque uma eventual vitória nesses locais seria simbólica. A primeira é o maior município da região metropolitana de São Paulo, e a segunda, o berço do petismo e onde vive o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, o PT governa uma população quase cinco vezes maior do que a do PSDB no entorno da cidade de São Paulo — 4,7 milhões contra 1 milhão — excluindo- se a capital paulista.
Dois candidatos definidos
Apesar da intenção, o PSDB tem candidato definido hoje somente para duas cidades do cinturão petista. Uma delas é São Bernardo, onde o deputado estadual Orlando Morando foi escalado para enfrentar o sucessor de Marinho.
Morando levou a eleição em 2008 para o segundo turno contra o atual prefeito. Em 2012, o PSDB optou por não ter candidatura própria. Outra cidade onde a situação está acertada é Mauá. Nesse caso, a solução veio de fora do partido. O PSDB filiou há algumas semanas Clovis Volpi, então no PTB, ex- prefeito de Ribeirão Pires, para tentar impedir a reeleição do petista Donisete Braga.
Os tucanos ainda analisam quem será o representante do partido na eleição municipal em Santo André, Guarulhos, Osasco, Carapicuíba, Franco da Rocha e Embu das Artes. Em 2012, o partido não teve candidato em três cidades do Cinturão Vermelho. Em Osasco, o PSDB venceu o pleito naquele ano, mas seu candidato foi impugnado.
O contexto político de crise nacional e o sentimento antipetista em São Paulo têm sido considerados pelo PSDB como uma das maiores janelas de oportunidade que o partido teve para enfraquecer o adversário em seu reduto histórico.
— Estamos otimistas e nos preparando para avançar sobre prefeituras do PT. A eleição em São Paulo é uma disputa sempre muito relacionada ao cenário nacional. Com o governo Dilma Rousseff fragilizado, o PT se desmanchando e os governos locais petistas sofrendo com a falta de dinheiro e apoio do governo federal, o quadro promete ser muito favorável aos candidatos da oposição. É o melhor momento que o PSDB vive para essa região — afirmou o secretário- geral do PSDB em São Paulo, Cesar Gontijo.
O partido não está de olho somente nas prefeituras petistas, e tem se preparado para investir eleitoralmente em outras cidades que considera estratégicas na região metropolitana. Dos 39 municípios da área, o PSDB administra apenas cinco, apesar de ser o maior partido em número de prefeituras no estado. Para isso, a legenda iniciou uma onda de filiações. Ex- prefeitos de outros partidos considerados competitivos estão sendo cortejados pelos tucanos. Três já foram filiados desde julho para as eleições em São Caetano, Barueri e Itaquaquecetuba.
O PT desdenha da ofensiva tucana sobre o Cinturão Vermelho.
— Eles anunciaram esse plano em 2012 e levaram uma surra — afirmou o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza.
PT: PSDB também tem problemas
O dirigente do partido disse acreditar que as questões locais vão dar o tom dos debates nas eleições municipais do próximo ano, minimizando assim o impacto do degaste nacional da imagem do partido:
— Na eleição municipal o tema predominante sempre é a gestão local. Isso aconteceu tanto no auge do nosso prestígio nacional como agora.
Para Emídio, o PSDB também enfrenta problemas que podem atrapalhar os planos dos tucanos em São Paulo.
— O ( governador Geraldo) Alckmin também não está num bom momento, com matanças ( chacinas com suspeitas de participação de policiais) e falta d‘ água — disse o petista.
Entre os municípios da região metropolitana, São Bernardo é considerado ponto de honra pelos petistas, por ser a cidade de Lula. Ao longo de seus oito anos de gestão, Luiz Marinho recebeu generosos repasses de recursos do governo federal.
Marinho deve apontar, nos próximos meses, como candidato a seu sucessor, o secretário de Ser viços Urbanos, Tarcísio S ecoli, que nunca disputou uma eleição. Tarcísio tem alguns pontos em comum com o atual prefeito: ambos iniciaram a carreira no Sindicato dos Metalúrgicos e fazem par te do gr upo de amigos que frequenta a casa de Lula.
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