- Folha de S. Paulo
Dilma Rousseff vai chegando ao final do nono mês do seu segundo mandato gestando dois ajustes fiscais e uma reforma administrativa e ministerial que deveriam ter sido obras para os primeiros meses do seu governo.
Não por outro motivo a petista está presa, praticamente desde que foi reeleita, a uma agenda negativa da qual não consegue se desvencilhar.
Para quem dizia que ajuste é coisa de tucano, deve ser terrível ter de bancar não só um, mas dois pacotes fiscais em menos de um ano –e sem que o primeiro ainda tenha tido o efeito esperado e necessário.
Pior, talvez, seja curvar-se às pressões de aliados e prometer um corte de ministérios, defendido pela oposição na campanha eleitoral, exatamente no momento em que não pode nem pensar em desagradar sua frágil base aliada no Congresso.
Um erro de cálculo e lá se vai a segunda fase do ajuste fiscal antes mesmo de ela chegar ao Legislativo. Isto mesmo, anunciadas na segunda-feira passada, talvez as medidas cheguem hoje ao Congresso com uma semana de atraso.
Sem falar no pior dos mundos. Deixar aliados insatisfeitos pode ser fatal quando o fantasma do impeachment assombra o governo nos corredores da Câmara dos Deputados.
Para ajudar sua criatura a sair desta enrascada, Lula circulou por Brasília dizendo não que aguenta mais falar de ajuste fiscal e voltou a aconselhar a presidente a criar urgentemente uma agenda positiva para levantar o astral do país.
Questionado por petistas que agenda seria essa, citou a redução da taxa de juros neste momento de recessão. Ato contínuo, porém, ele mesmo reconheceu que, hoje, isso é impossível diante da falta de confiança nos rumos da economia.
Enfim, o timing do governo está todo errado. Fruto de decisões tomadas sem muita convicção pela presidente, que agravam os problemas e obrigam a petista a aprofundar medidas que só lhe trazem desgaste.
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