sexta-feira, 16 de outubro de 2015

CPMF sai das contas de 2016 e cresce pressão contra Levy

Por Fábio Pupo e Raymundo Costa - Valor Econômico

BRASÍLIA - Muito embora o governo não tenha conseguido votar nada de seu interesse no Congresso até agora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está satisfeito com os resultados da reforma ministerial realizada há 15 dias. Lula obteve praticamente tudo o que pediu a Dilma, inclusive a mudança no discurso da presidente. Falta apenas a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, fato que o PT já dá como certo.

A mudança no discurso da presidente, cujo tom passou a ser dado por Lula, já produz efeitos práticos. A base do governo no Congresso não considera mais a CPMF fundamental para o esforço fiscal de 2016. "O imposto não será mais considerado no Orçamento do ano que vem", afirmou ao Valor o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), relator do projeto de lei orçamentária.

Em seu depoimento na Câmara dos Deputados, há dois dias, Levy não apenas reafirmou que a CPMF era imprescindível para fechar as contas do governo como também ameaçou com cortes em benefícios sociais caso o novo tributo não fosse aprovado. No PT, afirma-se que o ministro foi nomeado para impedir a perda do grau de investimento, missão que não cumpriu. Ontem, mais uma agência rebaixou a nota de crédito do país.

A saída de Levy, segundo interlocutores do ex-presidente, não tem data para acontecer, mas a mudança no discurso já agrada o partido. A troca é esperada para depois que o Congresso Nacional ratificar os vetos da presidente às mudanças feitas pelos parlamentares nas medidas do ajuste fiscal. No momento, toda a energia do governo e do PT está concentrada em debelar o risco do impeachment.

Segundo interlocutores de Lula, o ex-presidente agora dá o comando, como no discurso de que as "pedaladas" foram para manter o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, e os ministros do Palácio do Planalto -Jaques Wagner, Edinho Silva e Ricardo Berzoini - arrematam a formatação política para a fala de Dilma. Na CUT, a presidente evitou o improviso e leu um discurso escrito.

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