• Queda da cotação do petróleo no mercado internacional e corte nos investimentos da Petrobrás vão levar a uma redução de 45% nos aportes da indústria e de 26% na criação de empregos nos próximos cinco anos, aponta estudo da UFRJ
Fernanda Nunes, Antonio Pita - O Estado de S. Paulo
RIO - A crise no setor de petróleo e o corte nos investimentos da Petrobrás terão um efeito pesado na economia nos próximos cinco anos. Pelas contas do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, o País deixará de gerar R$ 62 bilhões em renda até 2019.
Os prejuízos afetam a geração de emprego e as receitas de Estados e municípios dependentes dos royalties, principalmente no Rio de Janeiro. Já a consequência positiva aparece na balança comercial, com a queda da importação de petróleo e derivados.
O estudo “Impactos Macroeconômicos da Indústria de Petróleo e Gás Natural” mostra que, se tivesse mantido o ritmo de crescimento registrado até 2013, a indústria de óleo poderia injetar US$ 236,7 bilhões em investimentos de 2015 a 2019. Mas a projeção caiu 45%, para US$ 130 bilhões.
Marcelo Colomer, economista do GEE, diz que o estudo avalia a situação de toda a indústria de óleo e gás, e não apenas da Petrobrás, embora ela seja a principal responsável pelo desaquecimento da economia.
O investimento da indústria petroleira representou 9,8% de tudo o que foi investido no País em 2013, último ano de crescimento do setor.
Os especialista da UFRJ consideraram duas projeções de investimento do setor no período de cinco anos - de US$ 236,7 bilhões, quando o cenário era de crescimento, e a de US$ 130 bilhões, hoje.
O resultado foi uma queda de 26% na criação de vagas em cinco anos. Os mais atingidos serão os empregados do setor de serviços, que responde por 34,65% do total de empregos diretos criados pela indústria e por 18,52% dos indiretos.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o setor não chegou a aproveitar o boom do petróleo da última década, já que houve concentração na fase de exploração.
“O segmento de bens de capital e equipamentos do setor naval não chegou a se desenvolver. Hoje, é até menor (do que há dez anos)”, disse, complementando que a expectativa era que, justamente agora, as empresas de equipamentos começariam a se beneficiar.
Com a crise, perdem também os municípios e Estados produtores de petróleo, que viram minguar suas receitas com royalties. No primeiro semestre, a queda de arrecadação foi de 25% em relação a igual período de 2014, por causa da retração da cotação do petróleo.
Para o presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Aluízio dos Santos, o fracasso do último leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) reforçou a preocupação. “Temos uma indústria que representa 12% do PIB sem produzir.”
Em contrapartida, o cenário favorece a balança comercial. Segundo o estudo, o saldo comercial da área de petróleo melhora por causa da redução da demanda, provocada pela crise e pelos aumentos de preços.
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