- Folha de S. Paulo
A charge de Jean Galvão ali acima na sexta (16) elaborou com muito mais propriedade o que eu havia escrito cá abaixo duas semanas atrás. A queda de Eduardo Cunha, àquele momento paralela à de Dilma Rousseff, tornou-se uma só e de mãos dadas no traço brilhante do cartunista.
A eficácia da PGR em trucidar seletivamente o presidente da Câmara, com provas de resto irrefutáveis, sugere que o chão esteja mais próximo de Cunha, embora ele tenha insinuado confiança atípica no desfecho.
Na semana em que Dilma cumpriu seu destino traçado pelo PT e transmutou-se num boneco do ventríloquo Lula, faltando só a cabeça de Levy numa bandeja, a corda não apertou apenas o pescoço de Cunha.
O chefão petista se viu jogado na confusão, com as ainda incipientes acusações de Fernando Baiano dando corpo àquilo que é dito nos corredores do poder há anos.
Dilma, ou seu holograma, luta. Tendo obtido a mão do Supremo para congelar o que insiste em chamar de golpe, um exercício de desonestidade intelectual comparável aos malabarismos da oposição ao lidar com Cunha, ela contudo está longe de se ver amparada por alguma rede –a PF em suas investidas nas contas da campanha que o diga, para não falar no horror econômico cotidiano.
Como no cerco à Constantinopla bizantina pelos otomanos em 1453, a bruma da guerra turva previsões. Lá, como cá, ambos os lados se veem perto da vitória estratégica só para provarem da frustração da derrota tática no momento seguinte.
Não muitos se dão conta de que o ataque final de Mehmet 2º à minguada defesa de Constantino 11 por pouco não resultou numa retirada humilhante, dado que ambos os lados estavam exauridos e à mercê da sorte.
Essa é uma esperança do Planalto hoje, a de que o cerco possa ser levantado de uma vez. Sobriamente, ninguém pode encampar essa versão ainda, talvez muito ao contrário.
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