Nos últimos 12 meses, o país eliminou 1,238 milhão de vagas com carteira assinada. Ou seja, a cada dia, 3.393 trabalhadores perderam o emprego. No mês passado, os postos de trabalho fechados superaram as vagas criadas em 95.602, no pior resultado dos últimos 23 anos.
Nos últimos 12 meses, país perdeu 3 mil vagas com carteira por dia
• Número de desligamentos já supera o de admissões em 1,2 milhão no período
Geralda Doca - O Globo
BRASÍLIA - O mercado formal de trabalho cortou no mês passado 95.602 empregos — pelo sexto mês consecutivo. Foi o pior resultado da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada há 23 anos. No mesmo período de 2014, foram criadas 123.785 vagas com carteira assinada. Entre janeiro e setembro, já foram fechados 657.761 postos com carteira assinada e, nos últimos 12 meses, o resultado negativo chegou 1,238 milhão. Ou seja, a cada dia, 3.393 trabalhadores, em média, perderam o emprego desde setembro do ano passado.
Segundo o diretor do Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, Márcio Borges, o comportamento do mercado de janeiro até agora indica que o país vai fechar o ano com saldo negativo de vagas formais. Para o especialista do site Trabalho Hoje, Rodolfo Torelly, a perda deverá se aproximar de 1,5 milhão. A tendência negativa deve continuar. Os meses de outubro e novembro devem vir fracos, e dezembro é tradicionalmente um mês negativo devido às demissões de trabalhadores temporários e de informações tardias de demissões. Em 2014, foram gerados 396,9 mil empregos, queda de 64,4%, na comparação com o ano anterior.
Quatro das cinco regiões no negativo
Em setembro, que costuma ser um mês positivo para o mercado formal devido às contratações temporárias para as vendas de Natal, houve demissão generalizada em todos os setores da economia. Serviços foi o segmento que mais dispensou, com saldo negativo de 33.535 postos, sobretudo nos ramos de comércio e administração de imóveis, transportes e comunicações e hotéis e restaurantes. O setor, que até o ano passado sustentava o mercado de trabalho, já cortou 32.550 postos nos primeiros nove meses de 2015.
Os números de setembro foram influenciados, ainda, pela construção civil, que fechou 28.221 vagas no mês passado, e pelo comércio, que eliminou outras 17.253. A indústria de transformação eliminou 10.915 postos, menos do que a média de 51 mil dos últimos meses, mas o setor foi o que mais demitiu entre janeiro e setembro, com saldo negativo de 287.472. O setor agrícola dispensou 3.246 empregados em setembro, mas, no ano, é o único com saldo positivo, de 106.459 postos.
— Estávamos esperando uma reversão do processo em setembro, que costuma ser satisfatório. Mas, isso não aconteceu — disse Borges, do MTE.
Com exceção da região Nordeste, que registrou saldo positivo de 26.113 postos, devido, principalmente, ao ciclo sucroalcooleiro nos estados de Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, as demais regiões cortaram empregos no mês passado. No Sudeste, foram fechados 88.204 postos, e o nível do emprego caiu em todos os estados da região. No Rio, foram fechadas 7.510 vagas. A região Norte perdeu 3.470 empregos; a Sul, 21.088 e a Centro-Oeste, mais 8.958.
De acordo com o Caged, a queda no nível do emprego formal foi maior nas regiões metropolitanas, onde foram demitidos 52.417. No interior, o saldo ficou negativo em 41.409 postos. O agronegócio está evitando um recuo ainda maior nas contratações, segundo o Ministério do Trabalho.
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