• Petista afirma que, enquanto chefiar a Casa, Cunha determina pauta
Por O Globo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que não quer afundar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, porque quer a votação das pautas do governo na Casa. Em entrevista à rádio Metrópole, de Salvador, Lula negou que tenha feito acordo com a bancada do PT na Câmara e com Eduardo Cunha para que o deputado não fosse cassado pelas denúncias de corrupção e quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. Em troca, Cunha não daria andamento ao processo de impeachment.
— Estou cansado de ilações. Acho que o Eduardo Cunha tem que ter todo direito à defesa que quero pra mim, pra Dilma e pra todo mundo. Se ele for culpado, ele vai pagar como todo mundo nesse país. Enquanto ele for presidente da Câmara, ele vai determinar a pauta do Congresso Nacional. E nós temos interesse em aprovar, não só a CPMF, mas parte do ajuste, o Orçamento e outras medidas que estão lá e que são importantes. Então, ao invés de ficar querendo afundar ele, eu quero é que ele coloque em votação as coisas e deixe o processo seguir naturalmente. E quando for julgado, ele vai pagar o preço. Não tem acordo — disse o ex-presidente.
Sobre a relação com o ministro da Fazenda Joaquim Levy e a suposta vontade de indicar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para o cargo, Lula disse que não seria desleal com Dilma e, com ou sem levy, vai continuar apoiando o governo.
— Não seria desleal com a Dilma, nem com o Levy, nem com o Meireles. Eu não sou presidente e não tenho direito de indicar ninguém. Eu tenho o direito de torcer para que a presidenta Dilma escolha as pessoas mais corretas. Eu disse ao Levy num visita que a melhor notícia que Dilma tinha dado depois da vitória dela foi sua indicação. Foi o primeiro momento em que a imprensa olhou com carinho uma indicação da Dilma. E ele tem capacidade de fazer o ajuste. Mas ele não tem controle sobre o Congresso Nacional. Se Dilma quiser ficar com Levy, ela fica, se quiser tirar, ela tira. Eu vou continuar apoiando o governo — afirmou Lula, que ainda defendeu o ajuste econômico.
— Na campanha, a Dilma dizia claramente que esse negócio de ajuste era coisa de tucano e que ela não ia mexer no direito dos trabalhadores. Mas ela foi obrigada por circunstâncias políticas a ter que fazer um ajuste.
Sobre a reforma ministerial e as mudanças na Casa Civil, assumida por Jaques Wagner, e na Secretaria de Governo, comRicardo Berzoini, Lula disse que foram boas para “acalmar” o Congresso. Ambas as indicações teriam partido do próprio ex-presidente.
— O Congresso Nacional, me parece, acaba de se ajustar. A ida do Jaques Wagner para a Casa Civil, me parece que deu uma certa tranquilidade, junto com o Ricardo Berzoini. Acho que a coalizão da campanha está mais ajustada agora. E nós temos o problema do Eduardo Cunha, que é um problema que o Congresso tem que resolver e que está sob análise da Justiça. Há pouco a ser feito, quando as coisas estão na mão da Justiça. Temos que separar as coisas. A crise da Lava-Jato não pode se misturar com a crise política.
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