Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA Pressionada pelo agravamento das denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelos sinais que ele tem emitido ao governo, a oposição começa a avaliar rever seu posicionamento em relação ao peemedebista. Essa revisão, contudo, não será fácil.
Rachados sobre a defesa de Cunha, líderes oposicionistas terão de conciliar, de um lado, o discurso do Solidariedade em defesa de alinhamento a todo custo e, do outro, o discurso do PPS, DEM e PSDB, que já dão sinais de endurecimento contra o presidente da Câmara.
Para os que defendem o início de um processo de distanciamento, a situação de Cunha está cada vez mais complicada e ele tem dado sinais ao Planalto de que pode não embarcar na tese do impeachment. A mudança de posicionamento em relação ao presidente da Câmara já ficou evidente em algumas atitudes nesta semana. Na CPI da Petrobrás, o PSDB apresentou voto pedindo investigação do peemedebista e de todos os demais políticos alvo da Operação Lava Jato. Segundo líderes da oposição, o pedido teria sido articulado pelo do líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e outros deputados do PT do colegiado, sem combinar com os demais partidos da oposição. O tucano não comentou o assunto.
O ato de Sampaio irritou Cunha e alguns líderes da oposição. O presidente da Câmara reagiu e deu entrevista defendendo cautela em relação à análise de que as pedaladas fiscais apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) podem justificar o impeachment de Dilma. "O fato de existir a pedalada necessariamente não quer dizer que tenha havido o ato da presidente da República com relação ao descumprimento da lei. São duas coisas distintas. A pedalada pode ser uma circunstância de equipe", afirmou.
Vacilo. Para o líder do Solidariedade, Paulo Pereira, o Paulinho da Força, a oposição "vacila" com atos contra Cunha. Na avaliação dele, oposicionistas não devem apostar na tese de acordo entre Executivo e presidente da Câmara, pois está "claro que o governo não vai cumprir acordo". "O PT já mostrou que não é confiável. Mesmo com a articulação do (ministro-chefe da Casa Civil) Jaques Wagner, deputados do PT da Bahia (mesmo Estado do ministro) assinaram o processo contra o presidente (da Câmara) no Conselho de Ética", afirmou. "Se o PT tivesse condição de proteger alguém não tinha ninguém preso na (Operação) Lava Jato", acrescentou o deputado.
A reunião entre líderes da oposição está marcada para a próxima terça-feira. Enquanto o novo encontro não é realizado, oposicionistas reafirmam publicamente a nota lançada no dia 10 de outubro, em que defendem o afastamento de Cunha do cargo.
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