Atos têm adesão menor após impeachment ser deflagrado
- Folha de S, Paulo
SÃO PAULO, BRASÍLIA e RIO - Os protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff retornaram neste domingo (13) após um intervalo de quatro meses, mas com força reduzida.
Em São Paulo, 40,3 mil pessoas foram protestar na avenida Paulista, segundo o Datafolha –número distante do pico, registrado em março, com 210 mil presentes. O cenário se repetiu pelo país.
Os organizadores afirmam que foram pegos de surpresa após o pedido de impeachment ter sido aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, há duas semanas, o que deu a eles pouco tempo de preparação.
Grupos como Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua trataram os protestos como "aquecimento" para manifestações maiores no ano que vem e se disseram satisfeitos com a adesão. O próximo ato será em 13 de março.
Estética
Na Paulista, a estética dominante foi a de uma multidão vestida de verde e amarelo, milhares de balões de gás distribuídos pela Fiesp (Federação das Indústrias de SP) e uma profusão de "pixulekos", os bonecos infláveis que satirizam personagens da crise ligados ao PT e ao governo federal.
Gritos de "fora, Dilma" se alternavam com músicas que pregavam a expulsão dos "petistas bolivarianos" do poder nos carros de quatro caminhões dos movimentos de rua que convocaram os atos.
Exceção era o trio elétrico do pequeno grupo que prega o golpe militar. Ali, a trilha sonora era de marchas das Forças Armadas, e o impeachment gozava de tão pouca estima quanto o PT.
Sinal da adesão oficial do PSDB à tese do impeachment, os senadores tucanos José Serra e Aloysio Nunes Ferreira (SP) discursaram, pela primeira vez, em um ato do gênero. O democrata Ronaldo Caiado (GO) foi intensamente assediado para selfies.
Ex-petista e autor do pedido de afastamento de Dilma, Helio Bicudo, 93, foi um dos mais aplaudidos ao falar no caminhão do Vem Pra Rua. "Nossos corações transbordam com o sentimento de justiça e na boca do povo só há uma palavra: impeachment."
Pelo país
Em outras capitais, as manifestações reuniram 33,6 mil pessoas, segundo levantamento da Folha com base na Polícia Militar em 18 Estados. Organizadores estimam ter mobilizado 78 mil pessoas.
No Rio, o protesto chamado "esquenta pelo impeachment" ganhou tons literais com termômetros em 38ºC. Não houve conta da PM nem dos organizadores, mas soldados ouvidos pela reportagem contaram 5.000 pessoas.
A manifestação teve um momento de confusão quando 50 skatistas, alguns vestidos de vermelho, vieram em direção contrária à da marcha e tentaram passar pelos manifestantes, que reagiram –mas sem maiores consequências.
Em um ato de baixa adesão em Brasília, grupos contrários ao governo queimaram um caixão com a bandeira do PT em frente ao Congresso. Segundo a PM, foram 7.000 pessoas no auge –a menor adesão em protestos nacionais pela saída de Dilma.
Em Recife, Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, pediu que o PSB defenda o impedimento em ato com 7.000 pessoas, segundo organizadores e PM.
Manifestantes repetiram, em Fortaleza, a coreografia de uma música pró-impeachment que apresentaram em agosto. Antes, convidaram os ativistas para deixar presentes à população de rua em uma árvore de Natal.
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