Atos perdem público e oposição espera levar processo de impeachment até março
• As primeiras manifestações após acolhimento de pedido contra Dilma na Câmara reúnem menos pessoas que no resto do ano; grupos afirmam que resultado era esperado e anunciam nova convocação, e tucanos apostam em manter a discussão no Congresso até a data
Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
As primeiras manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff após o acolhimento do pedido na Câmara dos Deputados mantiveram a capilaridade nacional, mas registraram adesão menor que os outros três protestos de 2015. Diante disso, tanto os movimentos como a oposição apostam em uma nova convocação para março, na expectativa de que o próximo ato coincida com as votações do Congresso que vão decidir o futuro de Dilma
Ainda neste domingo, grupos como Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre anunciaram manifestações pelo impeachment em 13 de março. Parlamentares do PSDB, DEM e outros partidos rivais de Dilma e do PT deram apoio à iniciativa.
“Foi importante já terem marcado a nova data para as novas manifestações. Isso ajuda a manter a mobilização e deixa o governo sob pressão”, disse o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da minoria na Câmara, que foi ao ato no Recife.
Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), o 13 de março deve anteceder o “ápice do debate sobre o impeachment”. “Devemos votar a admissão entre 15 e 16 de março, se houver o recesso”, afirmou. A exemplo de outros oposicionistas, o deputado fez uma observação. “Antes, o Congresso estava submetido ao calendário das ruas; agora, os movimentos precisam ficar atentos ao ritmo do Congresso”, disse o líder do DEM.
Baixa adesão. Surpreendidos pela decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de aceitar o pedido de impeachment de Dilma no dia 2 passado, os movimentos tiveram dez dias para organizar os atos de ontem e atribuíram a esse curto prazo a menor mobilização.
Dados divulgados pela Polícia Militar nos Estados onde houve manifestações somaram, até esta edição ser concluída, cerca de 72 mil participantes pelo País. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, onde ocorreu o maior protesto, 30 mil pessoas foram à Avenida Paulista.
Com base em fotos aéreas registradas às 15h30, o Estadão Dados calculou em 28,5 mil as pessoas na Paulista no pico do protesto. O Datafolha estimou em 40 mil o público circulante – ou seja, não estavam todos no local ao mesmo tempo. Para os organizadores, foram 100 mil.
Os números são inferiores aos das manifestações anteriores. A maior, em março, reuniu de acordo com a PM 1 milhão de pessoas só na Paulista. Em abril, esse número caiu para 275 mil e subiu em agosto para 350 mil.
“Não estamos preocupados com isso. Já era esperado”, disse Rogério Chequer, do Vem Pra Rua. Para Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, a baixa adesão tem “pouco significado político”. “Esperamos que seja maior em março. Até lá esperamos que o pedido esteja em votação no plenário da Câmara.” / Colaboraram Rodrigo Burgarelli e Vitor Hugo Brandalise
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