segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Impeachment começa a ser travado nas ruas

Com menos adesão, seis mil fizeram protesto contra Dilma na Esplanada

• Para os organizadores, havia 20 mil manifestantes

Marcella Fernandes , Bernardo Bittar , Luiz Ribeiro – Correio Braziliense/ Estado de Minas

Brasília – Os protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff retornaram ontem em pelo menos 100 cidades de várias regiões do país, após um intervalo de quatro meses. Eles reuniram, porém, menos pessoas do que os últimos, realizados em março, abril e agosto. Os organizadores dos protestos, como o Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua, afirmaram que já esperavam adesão menor, uma vez que se trata da retomada do movimento de rua pró-impeachment. Seria, segundo eles, um “aquecimento” para protestos maiores no ano que vem. Em grandes capitais como Rio, Brasília e Curitiba, os participantes não chegaram a um quarto do registrado nos atos de agosto. Brasília reuniu 6 mil manifestantes neste domingo, contra 25 mil no protesto anterior, segundo estimativas da Polícia Militar; Curitiba teve 10 mil, contra 60 mil em agosto, e no Rio apenas 5 mil foram à orla de Copacabana, contra 100 mil anteriormente, segundo organizadores.

Em São Paulo, onde a Polícia Militar calculou a presença de 30 mil pessoas, a redução no número de participantes ao londo da Avenida Paulista foi visível. Apenas na região perto do Masp havia grande concentração. Em agosto, o ato reuniu 135 mil manifestantes, segundo o Datafolha. O líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer, que calculou um público de 100 mil pessoas, disse que considera positivo o resultado do protesto, devido ao pouco tempo de mobilização e a presença de juristas. “Conseguimos trazer juristas e advogados para o caminhão (de som) e mostramos que impeachment não é golpe e está totalmente amparado nas leis. A participação do povo foi fantástica”, acrescentou. O ato contou com a participação dos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reali Júnior, autores do pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Os senadores José Serra (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) foram recebidos por lideranças dos grupos pró-impeachment assim que chegaram à Paulista. “Não podia ficar longe nesse momento. É a voz das ruas”, disse Caiado. Tido como próximo ao PMDB, Serra afirmou que a participação do PSDB em um eventual governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer dependerá do que o partido dele apresentar como projeto para o país. “Mas agora é hora de falar de impeachment, depois falamos de governo”, disse.

Em Brasília, por volta das 10h, manifestantes conduziram um caixão com uma caricatura de Dilma, alvo de xingamentos, e uma bandeira do PT no gramado em frente ao Congresso, que eles chamara de “enterro do PT”. O caixão foi queimado no final do ato. A previsão era de que a encenação acontecesse às 13h, mas, como o protesto estava disperso, e havia risco de chuva, o fim foi antecipado. Dessa vez o boneco gigante inflado do ex-presidente Lula, apelidado de “Pixuleco”, não estava presente, e sim uma boneca da presidente com o nariz semelhante ao do Pinóquio, produzida pelo Movimento Brasil Livre (MBL).

Normalidade democrática
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, afirmou que as manifestações realizadas a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff estiveram “dentro da normalidade democrática”. Ele evitou comentar o sucesso ou fracasso dos atos. “As manifestações são normais em um regime democrático. Tudo dentro da normalidade em um país democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições, um Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática”, afirmou o ministro. (Com agências)

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