- O Globo
-BRASÍLIA- O corpo técnico do Tesouro Nacional fez, ao longo dos últimos dois anos, uma série de alertas aos dirigentes do Ministério da Fazenda sobre a prática das “pedaladas fiscais” (atrasos nos repasses de recursos para bancos públicos) e seus possíveis impactos sobre as contas públicas e sobre a avaliação das agências de risco em relação do Brasil.
Reportagem publicada pelo jornal “Valor Econômico” na última sexta-feira revelou que, em 2013, um relatório de 97 páginas sobre a situação fiscal e econômica do Brasil foi apresentado ao então secretário do Tesouro, Arno Augustin, alertando que o país poderia sofrer um rebaixamento das agências num prazo de até dois anos e que, no final de 2015, o Tesouro estaria com um passivo de R$ 41 bilhões referentes a atrasos no pagamento de subsídios.
De acordo com o “Valor”, o trabalho dos técnicos foi visto como um ato de rebelião de escalões inferiores. Numa reunião feita por 19 coordenadores do Tesouro com Arno Augustin para apresentar os principais pontos do documento, o único aspecto com o qual o chefe concordou foi com o fato de que precisava melhorar sua relação com a equipe. O ex-secretário era conhecido por ter um temperamento explosivo, o que causava desconforto entre seus subordinados.
Mesmo com os sucessivos alertas, o governo manteve a estratégia, que resultou numa forte deterioração das contas, na elevação das dívidas bruta e líquida, na rejeição das contas do governo relativas a 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e no rebaixamento e perda do grau de investimento do país junto à agência de classificação de risco Standard &Poor’s.
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