• Deputados pró-impeachment de Dilma articulam nova lista para tentar destituir Picciani, que voltou ao cargo nesta quinta após ter sido afastado
Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Deputados da ala pró-impeachment do PMDB foram pegos de surpresa nesta quinta-feira, 17, com o protocolo de 36 assinaturas restituindo Leonardo Picciani (RJ) ao cargo de líder do partido na Câmara. Como reação, já começaram a articular nova lista para reconduzir Leonardo Quintão (MG) ao cargo.
Esses parlamentares também cogitam, como retaliação ao Palácio do Planalto, protocolar na direção da sigla a lista com as assinaturas de pelo menos 12 dos 27 diretórios regionais do PMDB (mais do que os 9 mínimos exigidos) pedindo a antecipação da convenção nacional, prevista para março. No evento, o partido pode decidir pelo desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff.
Picciani foi reconduzido ao posto de líder do PMDB na Câmara hoje pela manhã, após apresentar lista com apoio de 36 dos 69 membros da bancada do partido. A recondução aconteceu pouco mais de uma semana após o parlamentar carioca ser destituído por lista com assinaturas de 35 dos então 66 deputados da sigla que indicou Quintão ao cargo.
A deposição de Leonardo Picciani foi articulada pela ala pró-impeachment do PMDB, como retaliação ao fato de o deputado carioca ter se recusado a indicar peemedebistas contrários ao governo para a comissão especial que dará parecer sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.
Articulação. "Claro que há já uma articulação para retomar a liderança", afirmou o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Segundo ele, dessa vez não há pressa. "A urgência foi na hora que ele encaminhou os oito nomes pró-governo para a chapa branca da comissão do impeachment que acabou sendo derrotada", explicou.
"A lista tem essa vantagem. Cada vez que tu apresenta, a lista atual mata a anterior", afirmou o deputado Osmar Terra (PMDB-RS). De acordo com o parlamentar gaúcho, a ala pró-impeachment tem como fazer uma nova lista com 36 deputados "em pouco tempo". "Vamos avaliar o momento estratégico para fazer isso", ponderou.
A ala peemedebista antigoverno está evitando, no entanto, comentar como se dará a nova articulação para tomar a liderança, para evitar uma contraofensiva de Picciani para permanecer no cargo. A ideia é pegar Picciani de surpresa, assim como eles se surpreenderam pela manhã com a nova lista apresentada pelo parlamentar carioca.
Convenção. Um deputado que falou sob a condição de anonimato ao Estadão disse que o grupo contrário a Picciani já estuda apresentar a lista de 12 diretórios estaduais para obrigar a direção nacional do PMDB a antecipar a convenção nacional para janeiro deste ano. Seria uma retaliação ao Palácio do Planalto, que teve participação direta na operação que reconduziu Picciani à liderança. Sete dos 36 deputados que apoiaram a recondução de Picciani tinham assinado a lista de 35 parlamentares que indicou Quintão ao mesmo cargo na semana passada. Mudaram de opinião Simone Morgado (PA), Elcione Barbalho (PA), Celso Maldaner (SC), Silas Brasileiro (MG), Vitor Valim (CE), Lindomar Garçon (RO) e Jéssica Sales (AC).
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