• Presidente da Câmara diz que ‘tudo ficará paralisado’ na Casa até STF tirar dúvidas
Leticia Fernandes - O Globo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), pediu ontem uma audiência ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para esclarecer dúvidas a respeito do rito do impeachment da presidente Dilma Rousseff, definido pela Corte na semana passada. Cunha convidou os líderes partidários para que se juntem a ele na reunião.
O peemedebista disse que “tudo ficará paralisado”, inclusive a eleição para presidências de comissões permanentes, enquanto o STF não tirar as dúvidas. A ideia é pedir celeridade da Corte na publicação do acórdão da decisão sobre o rito do impeachment e rapidez no julgamento dos embargos de declaração que serão apresentados pela Câmara:
— Tudo ficará paralisado até o esclarecimento, inclusive a própria eleição da comissão do impeachment — disse.
O líder da minoria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), disse que há ainda a possibilidade de obstrução total das votações da Câmara, enquanto o STF não julgar os embargos:
— O governo vai ter que conviver com esse fantasma do impeachment por mais tempo do que ele imaginava — afirmou Araújo.
Comissão analisa caso Cunha
Também ontem, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) — aliado de Cunha —, marcou para hoje sessão na qual será julgado o recurso apresentado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que contesta a decisão do Conselho de Ética da Casa de abrir as investigações contra Cunha por quebra de decoro. Ontem, o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar, disse que pedirá vista, caso haja quorum para a sessão, o que é improvável.
“A convocação da CCJ visa unicamente dar andamento ao recurso do deputado Marun, da tropa de Cunha, para tentar anular a admissibilidade do processo contra ele, aprovada no Conselho de Ética. Se der um improvável quorum, pediremos vista”, disse Alencar, em, nota.
Para o relator do processo contra Cunha, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), o recurso é válido. Ele disse, porém, crer que será difícil que o presidente da Câmara vença na CCJ:
— A CCJ tem vida própria, não vai ser tarefa fácil.
Ontem, foi sepultada a possibilidade de se suspender o recesso parlamentar. Cunha disse que o fim do recesso teria que ser votado na Câmara e no Senado, e não havia quorum. Hoje será o último dia de trabalho na Câmara até fevereiro.
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