terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Temer, Pezão, Paes e Cabral fazem jantar para 'pacificar' PMDB

• Vice-presidente e lideranças da legenda no Rio, que são contráros ao impeachment de Dilma, se encontraram neste domingo para amenizar a tensão na sigla

Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo 

RIO - Depois de vários dias de conflito entre o PMDB do Rio de Janeiro e o vice-presidente da República Michel Temer, presidente nacional do partido, um jantar neste domingo, 20, abriu caminho para a pacificação. O encontro ocorreu na casa de Temer em São Paulo e reuniu o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral, além do ex-ministro da Aviação Civil Moreira Franco.

Os líderes do PMDB-RJ negaram que façam parte do movimento para tirar Temer do comando do partido e reiteraram apoio à recondução do presidente, na convenção prevista para março do ano que vem. Todos concordaram que a tensão entre os peemedebistas do Rio e o grupo de Temer tinha agravado a divisão da sigla e prometeram trabalhar para acalmar os ânimos.

“Reafirmamos nosso compromisso de reeleição do presidente Temer e de pacificar o relacionamento do PMDB do Rio com ele”, disse Pezão ao Estado.

Aliados da presidente Dilma Rousseff, Pezão, Paes e Cabral fazem parte do movimento contrário ao impeachment. Nas últimas semanas, Pezão e Paes criticaram a proximidade de Temer com a ala oposicionista do PMDB e a destituição do deputado Leonardo Picciani (RJ) da liderança da legenda na Câmara.

O governador e o prefeito trabalharam pela recondução de Picciani ao cargo, formalizada na quinta-feira, 17. O PMDB-RJ também reagiu à decisão da executiva nacional do PMDB de dar a palavra final sobre novas filiações de parlamentares ao partido.

No jantar de domingo, os peemedebistas concordaram que essas divergências não devem se tornar empecilhos para uma busca de unidade em torno da liderança de Michel Temer. Segundo Moreira Franco, o prefeito, o governador e seu antecessor deixaram claro que a parceria entre a capital, o Estado e a União, que vem desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trouxe benefícios ao Rio e que a aliança com a presidente não será rompida. “Mas, do ponto de vista partidário, eles se mostraram solidários a Michel. Eles disseram que a unidade do PMDB se expressa na figura de Michel Temer”, afirmou Moreira.

Renan. Além dos conflitos com o PMDB do Rio, Temer travou na semana passada uma discussão pública com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que está próximo da presidente Dilma e ganhou papel importante com a decisão do Supremo Tribunal Federal de que o Senado tem poder de barrar o processo de impeachment, mesmo que seja aprovado na Câmara.

Cabral, Paes e Pezão negaram que estejam aliados a Renan em um movimento para fazer do senador o novo presidente do PMDB. Cabral garantiu a Temer que não tem interesse em se candidatar à presidência do partido, como chegou a ser especulado.

Na tarde desta segunda-feira, 21, Moreira Franco almoçou com o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio e pai do líder Leonardo Picciani. Jorge Picciani disse ao Estado que trabalha pela unidade partidária e acredita que se chegue a uma chapa única para o comando do PMDB nacional, na convenção de março de 2016. No entanto, afirmou ter uma “dívida de gratidão” com Renan, pois o presidente do Senado criticou duramente a destituição de Leonardo da liderança e a resolução da executiva nacional do PMDB de controlar novas filiações. Renan chegou a dizer que o PMDB “não tem dono” e ouviu de Temer que o partido “não tem dono nem coronéis”.

“Na sexta-feira passada eu disse ao Renan que gratidão de pai não prescreve. Vou defender sempre a unidade partidária, mas tenho uma dívida de gratidão com Renan. A divisão em relação ao impeachment está consolidada. Sobre a convenção do partido, vamos decidir lá na frente”, afirmou Picciani.

Para Moreira, o PMDB terá de buscar o melhor caminho para conviver com a divisão interna sobre o impeachment. “O impeachment antes era uma queda de braço entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e a presidente Dilma. Agora, com as decisões do Supremo, passou a constar da pauta, haverá procedimentos. O partido está dividido. Enquanto esse problema não for equacionado, vamos ter que conviver com companheiros que são contra e a favor do impeachment. Sempre tivemos respeito à divergência e buscamos maioria sem massacrar a minoria.”

O jantar com Temer começou a ser articulado por Cabral na semana passada. Diante do aprofundamento da crise dos peemedebistas fluminenses com o vice-presidente, o ex-governador ligou para Temer, a fim de promover um encontro “pacificador”. Na semana passada, depois de Pezão comentar que não falava com Temer desde setembro, o vice ligou para o governador e o encontro foi marcado.

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