- Valor Econômico
BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer começou uma operação para acalmar os ânimos dentro do seu partido, o PMDB, e evitar o aprofundamento do racha que visa minar sua permanência no comando nacional da sigla.
Temer recebeu na noite de domingo, em sua casa, em São Paulo, alguns dos principais nomes da legenda no Rio de Janeiro, berço da ala anti-impeachment da presidente Dilma Rousseff na sigla.
O ex-governador Sérgio Cabral, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito carioca Eduardo Paes participaram do jantar com Temer. Aliado do vice, o ex-ministro Moreira Franco também esteve no encontro.
Moreira encontrou-se ontem com o deputado estadual Jorge Picciani (RJ), pai de Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara e aliado do Planalto na luta contra o afastamento de Dilma.
Segundo a reportagem apurou, os integrantes do PMDB fluminense disseram textualmente que não farão qualquer movimento brusco contra Dilma, sob o argumento de que a parceria entre Estado, prefeitura e União tem sido importante para o Rio nos últimos anos.
Eles, no entanto, concordaram com a tese de que o aprofundamento da divisão no partido só serve para fragilizar a imagem da sigla e de Michel Temer.
O entendimento é de que é preciso, neste momento, cessar o tiroteio interno. Nesse sentido, Cabral, Pezão e Paes teriam sinalizado apoio à manutenção de Temer à frente do PMDB.
Durante o encontro, Moreira Franco argumentou que a disputa na sigla "pode transformar o PMDB em uma bomba": "Seremos Hiroshima ou Nagasaki."
A tentativa de minimizar as brigas dentro do PMDB ocorrem dias após o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), ter disparado ataques públicos a Temer e em meio a informações de que Renan teria montado um mapa da guerra para tirar Temer do comando nacional do partido.
Aliados de Renan dizem que ele passou a arregimentar apoio entre dirigentes estaduais da sigla para tentar mitigar a influência interna do vice-presidente da República, que dirige o PMDB desde 2005.
Renan, que dirige o partido em Alagoas, acredita que o fato de a direção da sigla no Rio estar aliada a Dilma Rousseff contra o poder de Temer na legenda, eleva as chances de derrubar o vice.
Se não houver uma composição, o embate entre os grupos de Temer e Renan se dará em março, quando o PMDB fará sua convenção nacional.
Aliados do vice minimizam o peso da investida do senador e dizem que Renan trabalha para enfraquecer e tirar Temer do comando do PMDB há mais de uma década. Eles ressaltam que não é a primeira vez que o senador e o vice se estranham em praça pública e lembram episódios em que Renan "traiu" Temer. Citam, por exemplo, que em 2005 o senador apoiou a candidatura de Aldo Rebelo à presidência da Câmara, em detrimento da postulação de Temer.
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