- Folha de S. Paulo
Um dia antes de cair, Joaquim Levy dizia que o risco do governo Dilma é partir para o "varejão" na ânsia de fazer a economia voltar a crescer na marra, deixando de lado as reformas e retornando ao modelo que não deu certo.
No mesmo dia, assessores palacianos afirmavam que a dose do remédio do ainda ministro da Fazenda "estava matando, não salvando o doente" Brasil. E adiantavam que a presidente iria buscar um nome de peso para dar novo rumo à economia.
No dia seguinte, Dilma Rousseff optou pela solução caseira, trocando Joaquim Levy por Nelson Barbosa. Decisão que agradou a ala petista que detestava o economista de Chicago, mas desagradou quem sonhava com um nome de forte impacto no mercado, tipo Henrique Meirelles.
Esta última ala, que preferia um nome inquestionável -se é que ele existe-, enxergava a troca de Levy como a cartada decisiva da chefe para vencer a batalha contra a abertura do processo de impeachment.
Não deu. Dilma escolheu seu ministro de confiança, que deixa o Planejamento para sentar na sonhada cadeira da Fazenda. Como assumirá sob suspeita do mercado, terá de ser tão "realista" quanto Levy.
Não por outro motivo, Nelson Barbosa tem repetido, desde que foi oficializado na Fazenda, que o ajuste fiscal é seu principal desafio e não será abandonado. Mas deve, sim, dar uma suavizada na dose do remédio tão logo considere possível fazê-lo.
Enfim, ele toma posse como uma "solução caseira", o que também tem lá suas vantagens. O novo ministro não precisa partir do zero, conhece de perto todos os problemas e confusões do governo e entende como ninguém o humor dilmista.
Além disso, assume num momento de certo alívio para o governo. O Datafolha mostrou que a avaliação da presidente deu uma leve melhorada e o Supremo decidiu a favor dela sobre o rito do impeachment. Falta a economia melhorar. Aí entra a dura missão de Nelson Barbosa.
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