• Entidade peemedebista e similares do PSDB, DEM e PPS discutem ‘agenda programática’
Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
A Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, se uniu às fundações Teotônio Vilela, do PSDB, Liberdade e Cidadania, do DEM e Astrogildo Pereira, do PPS, para elaborar uma “agenda programática” que sirva de lastro para a construção de uma coalizão entre as siglas em um eventual governo Michel Temer.
A aproximação, que conta com o aval do vice-presidente, representa o primeiro movimento institucional do PMDB no campo da oposição. O partido está dividido sobre o impeachment, mas comanda seis ministérios no governo Dilma Rousseff. A articulação começou antes de o Supremo Tribunal Federal definir, na quinta-feira passada, o rito do processo de afastamento da presidente – o que foi considerado uma vitória do governo. A primeira reunião conjunta, que ocorreria na última semana, foi remarcada para janeiro.
“O impeachment, que antes era uma queda de braço entre o presidente da Câmara e a presidente da República, agora é uma realidade”, disse o ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC) Moreira Franco, que atualmente preside a Fundação Ulysses Guimarães. “Duas agências rebaixaram o grau de investimento do Brasil, que está com nome sujo no mercado. Quando se trata de economia, temos que trabalhar com coisas objetivas”, afirmou.
A fundação foi a responsável pela elaboração do documento “Ponte para Futuro”, que diverge de propostas do PT e do governo para a economia. Entre as medidas sugeridas estão o fim das vinculações constitucionais para os gastos com saúde e educação e não ao aumento de impostos.
“Precisamos conversar com as forças políticas sobre o que podemos fazer em uma eventual saída dela (Dilma)”, disse o ex-deputado José Aníbal, presidente do ITV. O tucano fala em “preservar direitos dos trabalhadores e programas sociais”, mas ressalta que a iniciativa tem por objetivo “passar confiança ao mercado, já que os investimentos que estão paralisados”.
Um dos consensos do grupo é a oposição à recriação da CPMF, medida que está entre as prioridades do Palácio do Planalto no Congresso em janeiro. “Há consenso entre nós de não aprová-la. Todos os economistas com quem conversamos dizem que essa não é a solução”, afirmou o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que representa o DEM no colegiado.
Ele diz que a ideia é unificar o discurso entre as legendas “para que o Brasil tenha algum horizonte no futuro”. O deputado do DEM também exalta o documento da Fundação Ulysses Guimarães como referência e diz que o texto do PMDB tem muitos consensos que não estão sendo seguidos pelo atual governo. “Vamos lançar um documento das fundações que depois serão discutidos pelos partidos”, afirma
Aleluia. O coletivo de fundações pretendia formalizar publicamente a aliança ainda este mês, mas postergou para janeiro devido ao acirramento da crise na Câmara.
“A ideia é juntar as fundações para pensar em um programa unificado concreto para o caso de haver impeachment”, disse o deputado Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS.
Para os tucanos, a articulação entre os braços teóricos partidários é visto também como uma forma de buscar um consenso no caso de a chapa Dilma/Temer ser cassada pelo TSE. “Um (eventual) próximo governo, com ou sem o Michel Temer, vai ter que ser de transição. É preciso buscar um pacto amplo, do qual não excluo nem mesmo remanescentes do PT”, afirmou o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
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