• Deputado do partido deverá ser nomeado em breve para a Aviação Civil
Júnia gama, Simone Iglesias, Leticia Fernandes - O Globo
- BRASÍLIA- Um dia depois da disputa pela liderança do PMDB na Câmara, que dividiu o partido, o clima político entre os grupos adversários foi de busca pela pacificação. No Palácio do Planalto, a ordem é trabalhar para unificar a bancada do maior partido aliado, inclusive com a nomeação de um peemedebista para a Esplanada dos Ministérios, enquanto, no PMDB, a sinalização, tanto na cúpula do partido, quanto no grupo derrotado, é de abertura ao diálogo. Até mesmo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), conhecido por seu temperamento incendiário, minimizou os efeitos do embate, após um almoço oferecido pelo vice- presidente Michel Temer, do qual também participaram o líder reconduzido Leonardo Picciani ( RJ) e o candidato derrotado Hugo Motta (PB).
Ontem, em uma demonstração de que o governo está empenhado em se aproximar do grupo derrotado, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) conversou por telefone com Hugo Motta, que foi apoiado por Cunha, e elogiou o deputado pela postura durante a campanha, sem ataques frontais ao governo. Segundo relatos, Berzoini disse que as portas “continuam abertas” ao deputado e afirmou que é hora de unir forças para ajudar o país a sair da crise. Motta, por sua vez, agradeceu a ligação e o fato de o governo não ter trabalhado abertamente contra sua candidatura.
Dilma felicita Picciani
Na mesma linha, a presidente Dilma Rousseff telefonou na manhã de ontem para Leonardo Picciani para parabenizá-lo pela vitória e elogiou as declarações do líder no sentido de buscar a unidade do PMDB. Picciani, segundo relatos, recebeu sinalização de interlocutores da presidente de que o deputado Mauro Lopes (PMDB- MG) será nomeado em breve para a Secretaria de Aviação Civil.
Auxiliares do governo dizem que o foco agora é aproveitar a abertura com Hugo Motta para estabelecer relação com ao menos uma parcela dos 30 deputados que o apoiaram na disputa. Além de enterrar o impeachment, o governo precisa da ajuda para destravar a pauta econômica.
— Tem um grupo que não votou no Picciani e que aceita conversar com o governo. É desse grupo que o Planalto vai atrás. Acreditamos que é possível encontrar pautas comuns com esses parlamentares e até mesmo com a oposição — afirma um assessor do governo.
Por outro lado, há uma avaliação de que o diálogo com Eduardo Cunha é praticamente impossível. Análises no Planalto dão conta de que o presidente da Câmara ficou enfraquecido com a derrota e que não tem sentido, neste momento, tentar retomar algum tipo de “cumplicidade política” com ele. O Planalto observa de perto se o peemedebista fará qualquer movimento de retaliação pelo fato de o governo ter apoiado Picciani na disputa.
Também ontem, a cúpula do partido se reuniu em um almoço na residência oficial do vice-presidente Michel Temer. No evento, em homenagem ao ex- vice- primeiro-ministro de Portugal Paulo Portas, Temer convidou Motta, Picciani e Cunha numa tentativa de demonstrar que a batalha ficou para trás. De olho em sua reeleição à presidência do PMDB, Temer, que até o fim do ano passado atuou em conjunto com Cunha para destituir Picciani da liderança e fez críticas públicas ao governo, decidiu manter postura mais neutra.
Cunha também concilia
Até mesmo Cunha optou por amenizar o clima, negando ter “qualquer desafeto na bancada do PMDB”. Cunha disse que nem mesmo Picciani pode ser considerado desafeto seu. O peemedebista afirmou ainda que a vitória do líder não o preocupa.
— Não dificulta nem facilita (a minha vida), não estou preocupado com isso e não há desafeto. Eu não tenho qualquer desafeto na bancada do PMDB, isso é balela — disse Cunha, negando que Picciani seja seu desafeto:
— Não, desafeto não. Uma coisa é ter sido adversário num processo em que defendi uma candidatura e ele era o outro candidato, isso não quer dizer que ele seja o meu desafeto. Ele não é meu desafeto. A gente sempre teve relação, isso não é um problema — afirmou.
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