Desemprego fica em 9% e atinge mais de 9 milhões, diz IBGE
• Em um ano, total de desocupados cresce 41,5%; taxa é a maior de setembro a novembro
Por Lucianne Carneiro – O Globo
RIO - O desemprego no país ficou em 9% entre setembro e novembro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. É a maior taxa para o período desde o início da série histórica, em 2012, e se iguala ao maior nível da pesquisa, que tinha sido registrado no trimestre encerrado em outubro. O índice, que inclui todos os estados brasileiros, acelerou fortemente frente ao mesmo período de 2014, quando o desemprego estava em 6,5%. Com isso, em um ano, o total de desocupados cresceu 41,5%, ao somar quase 3 milhões de pessoas a esse contingente, que já chega a 9,1 milhões de brasileiros com mais de 14 anos.
O resultado também subiu na comparação com o trimestre imediatamente anterior, de junho a agosto, quando a taxa foi de 8,7%. Já o rendimento real ficou em R$ 1.899, 0,7% a menos do que no trimestre encerrado em agosto.
— O aumento do desemprego foi puxado pela expansão da população desocupada, ou seja, mais gente procurando trabalho. Mas também teve perda da população ocupada, redução de meio milhão de pessoas em um ano. Foi um movimento mais agressivo da população desocupada — apontou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho do IBGE.
Por outro lado, foi a primeira vez, depois de dez altas seguidas, na comparação com o trimestre encerrado no mês anterior, que a taxa ficou estável. Nesse tipo de comparação, o desemprego vinha subindo desde o trimestre encerrado em janeiro de 2014, quando estava em 6,5%. No período de agosto a outubro, a taxa também ficou em 9%.
— Já haveria uma expectativa de que a taxa cedesse a essa altura do ano por causa da entrada de trabalhadores temporários — afirmou Azeredo.
O resultado ficou dentro da expectativa dos analistas. O banco Bradesco esperava que o desemprego ficasse em exatamente em 9%.
Mais 2,7 milhões de desocupados
A população desocupada no país chegou a 9,1 milhões de pessoas, o que representa uma alta de 3,7% ou 323 mil pessoas a mais que no trimestre encerrado em agosto. Na comparação com um ano antes, o aumento foi de 2,7 milhões de pessoas, ou 41,5%.
Já a população ocupada caiu 0,6% em relação a igual período de 2014, para 92,2 milhões de pessoas. Foram 533 mil pessoas a menos. Frente ao trimestre imediatamente anterior, ficou estável.
A massa de rendimento dos trabalhadores ficou em R$ 169,9 bilhões, abaixo dos R$ 172,780 bilhões de igual período de 2014. Para Azeredo, este é o grande destaque da divulgação:
— Tem menos dinheiro circulando no mercado porque teve queda do rendimento e redução de pessoas ocupadas. A massa de rendimentos volta ao trimestre encerrado em setembro de 2014.
Os dados da pesquisa mostram ainda recuo do emprego formal. O número de empregados com carteira assinada ficou em 35,413 milhões, o que significa 1,114 milhão de trabalhadores a menos do que um ano antes, ou 3,1%. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, foram 126 mil pessoas a menos.
Mais pessoas por conta própria
Já o número de trabalhadores por conta própria avançou quase um milhão (969 mil pessoas) em um ano. Frente ao trimestre encerrado em agosto, foram 458 mil pessoas a mais ou 2,1%.
Pela Pesquisa Mensal de Emprego — que engloba as seis principais regiões metropolitanas do país (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) —, a taxa de desemprego fechou 2015 em 6,8%, o maior nível desde 2009. Em 2014, a taxa ficou em 4,8%, o menor patamar da série histórica do IBGE, iniciada em 2002.
O mercado de trabalho vem sentindo os efeitos da recessão na economia e a taxa de desemprego vem subindo. Cálculos divulgados ontem pelo Banco Central (BC) mostraram que a recessão brasileira é mais grave do que o imaginado. A economia encolheu nada menos que 4,11% no ano passado, segundo o Índice de Atividade Econômica da autoridade monetária (IBC-Br). Em dezembro, o recuo foi de 0,52% e o desempenho mensal ficou no negativo pelo décimo mês seguido — o maior período de retração desde que o BC passou a registrar os dados.
O IBGE vai divulgar na próxima sexta-feira, dia 26, os valores do rendimento domiciliar per capita dos estados. Os dados são usados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para atender a lei para cálculo de rateio do fundo de participação dos estados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário