• Na entrevista para jornalistas estrangeiros, partidos da oposição repudiam ideia de golpe
Maria Lima - O Globo
- BRASÍLIA- Em entrevista ontem a correspondentes estrangeiros, convocada pela oposição para desconstruir “a narrativa do golpe”, os presidentes de seis partidos — PPS, PSB, Democratas, PSC, Solidariedade e PSDB — reafirmaram que o impeachment é constitucional, que um eventual governo Michel Temer não é “a solução dos sonhos”, que não há intenção de obstruir as investigações da Lava- Jato e que apoiarão uma agenda dura, de reformas estruturais, para a retomada do crescimento. Participaram da coletiva jornalistas de “Le Monde”, “El País”, “Wall Street Journal”, “France Presse”, “Reuters”, “La Nacion”, “Agencia EFE”, “Agência Ansa” e “Página 12”.
— O debate sobre se é ou não golpe repercute mais no Brasil do que lá fora. Lá, as pessoas têm uma visão global da situação. Sabem que a presidente Dilma está fraca e que pode acontecer o impeachment. Meus leitores querem saber é como o Brasil chegou a essa situação e se vai voltar a crescer. Veem com tristeza e preocupação a possibilidade de o Brasil retornar aos anos 80, da década perdida — relatou um dos correspondentes após a entrevista.
Segundo Anthony Boadle, da “Reuters”, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves ( MG), disse que o desembarque do PMDB do governo de Dilma “fecha a tampa do caixão” da gestão da petista. Aécio anunciou que, na próxima segunda- feira, o PSDB vai reunir seus governadores, líderes partidários e o ex- presidente Fernando Henrique para detalhar como será a participação em um eventual governo de coalizão junto com Michel Temer, definindo questões essenciais para a transição, se aprovado o impeachment
— O governo Dilma acabou. A saída do PMDB fecha a tampa do caixão de um governo moribundo que não tem mais condições mínimas para sinalizar o que todos nós queremos: a retomada do crescimento, a geração de empregos, a melhoria dos indicadores sociais — disse Aécio.
Ainda segundo Boadle, Aécio disse que a saída do PMDB levará com ele outras forças partidárias que ainda sustentavam o governo.
Apoio da OAB e de Ministros
Na entrevista, José Agripino, presidente do DEM e líder da oposição no Senado, disse aos correspondentes que o governo utiliza o discurso de que há um golpe “por não ter como explicar as razões de ter enganado o povo brasileiro”. Ele argumentou que o impeachment tem o apoio da OAB e respaldo de ministros do Supremo Tribunal Federal.
— Essa é uma atitude meramente escapista de um governo que não tem como explicar porque tem enganado a sociedade — disse Agripino.
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