• Mauro Lopes, Eduardo Braga e Helder Barbalho sinalizam saída
Júnia Gama, Isabel Braga, Cristiane Jungblut e Simone Iiglesias - O Globo
- BRASÍLIA- A entrega dos cargos da metade dos ministros do PMDB é dada como certa após a decisão do partido de desembarcar do governo. Entre os seis ministros que permanecem no cargo — na noite de segunda-feira Henrique Alves deixou o Turismo —, a expectativa é que três sigam este caminho nos próximos dias: Mauro Lopes (Aviação Civil), Helder Barbalho (Portos) e Eduardo Braga (Minas e Energia). Outros dois, Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde), ambos com mandatos de deputado, deverão permanecer mais alguns dias, até que esteja mais claro o cenário sobre a aprovação do impeachment. A ministra Kátia Abreu (Agricultura) é a única que pretende permanecer ao lado da presidente Dilma Rousseff independentemente dos desdobramentos do impeachment e, para isto, pode mudar de partido.
Em almoço ontem com a bancada de deputados do PMDB de Minas Gerais, Mauro Lopes afirmou que iria seguir a determinação do partido e entregar seu cargo no governo. Apesar de o Diretório Nacional do PMDB não ter definido prazo para que os ministros deixem seus postos, a expectativa é que o ministro comunique sua saída em breve ao Palácio do Planalto. Na noite anterior, Mauro Lopes já havia comunicado ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) — que foi fiador de sua nomeação — que iria acompanhar a decisão da maioria do partido.
Castro e Pansera continuam
Helder Barbalho e Eduardo Braga também já sinalizaram aos dirigentes do PMDB que irão deixar os cargos. Em conversas com a cúpula do partido, os ministros afirmaram que não pretendem se desfiliar do PMDB, uma das opções para aqueles que desejarem permanecer em seus cargos. Braga, um dos peemedebistas que mais resistiu à saída e trabalhou para ajudar a presidente, disse a integrantes da cúpula que é “homem de partido” e que pedirá demissão. Ele chegou ao governo em janeiro do ano passado, após perder a eleição para o governo do Amazonas. Antes de se tornar ministro, foi líder do governo Dilma no Senado.
Hélder Barbalho também chegou na Esplanada no início do segundo mandato de Dilma, ano passado, quando assumiu o Ministério da Pesca. Na última reforma ministerial, anunciada em outubro pela presidente Dilma, a pasta da Pesca deixou de ser ministério, mas Hélder foi remanejado para a Secretaria de Portos. Na época, ele passou a ser considerado da “cota” de Michel Temer.
Já Marcelo Castro e Celso Pansera, da ala considerada mais alinhada ao governo, devem permanecer o máximo possível nos cargos. Segundo interlocutores, os dois manterão a defesa do governo, mas até o limite do avanço do processo de impeachment da presidente. Como ambos têm mandatos de deputado federal e não há determinação de prazo no PMDB para a entrega dos cargos, a situação deles é considerada “confortável”.
Depois da decisão de desembarque do PMDB, cresce a pressão nas demais bancadas de partidos aliados por uma definição de saída da base. O PP se reúne hoje para discutir o desembarque e, segundo deputados, já está certo que haverá a convocação do diretório para discutir a questão. A dúvida é em relação à data da consulta, se antes da votação na comissão do impeachment ou da votação em plenário.
No documento entregue ao presidente nacional do PP, Ciro Nogueira ( PI), 22 dos 49 deputados assinaram favoravelmente à convocação do diretório, além de quatro dos seis senadores.
A bancada do PP está rachada e, de acordo com deputados, Ciro Nogueira mantém conversas com interlocutores do governo esteve anteontem com a presidente Dilma. Não houve, ainda, avanços nas conversas para atender a pleitos dos parlamentares. O PP tem apenas um ministério e, com o aumento da bancada para 49 deputados, a direção do partido acredita que outra pasta possa ser oferecida.
PR deve liberar bancada
O PR, partido que comanda o Ministério dos Transportes, deverá liberar a bancada de deputados sobre o impeachment. Dos 40 deputados, segundo contas de dirigentes, 25 são a favor do afastamento de Dilma.
O governo começa a fazer uma ofensiva sobre partidos menores que teriam menos chances de ocupar cargos em um eventual governo Temer.
Um dos alvos do governo é o PTN, que tem 13 deputados. O partido já garantiu um aliado na Fundação Nacional de Saúde, mas ainda sonha com um ministério. Ontem, o líder Aluísio Mendes ( MA), fez uma reunião com a bancada.
— Não discutimos ministério. Primeiro teremos que decidir se o PTN fica ou não na base de apoio — disse Mendes.
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