quarta-feira, 23 de março de 2016

A difícil reconstrução da Petrobras – Editorial / O Globo

• A perda de 2015 foi a maior da sua história, e, se isso não bastasse, um esquema sindical no RH teria cavado um buraco potencialmente maior que o petrolão

A Lava- Jato continua a investigar o poço sem fundo do esquema lulopetista de corrupção montado com empreiteiras em torno do caixa da Petrobras, e a empresa não para de sangrar. No ano passado, pelo segundo exercício consecutivo, a companhia fechou no vermelho, com um prejuízo de R$ 34,8 bilhões, mais que os R$ 21,5 bilhões de perdas em 2014. Foi o mais elevado prejuízo da história da empresa, outro desabonador registro para as administrações do PT.

Há causas variadas para o desastre. A queda do preço do petróleo é a razão principal de a Petrobras ter feito bilionárias baixas contábeis neste balanço, e não é a primeira vez. Já foi assim no ano anterior. Na coluna, pequena, das boas notícias, há um aumento em 25% na geração de caixa, de R$ 76,2 bilhões. Mas os desmandos éticos e gerenciais da administração lulopetista que assumiu a empresa em 2003, com a posse de Lula, pesam e continuarão a pesar durante um bom tempo sobre a Petrobras.

A empresa investiu muito — impulsionada pela “vontade política” de Lula — e mal. Os erros do ponto de vista técnico certamente existiram para facilitar o petrolão: contratos assinados com empreiteiras embutindo superfaturamentos que iriam financiar desvios para campanhas políticas e o enriquecimento de pessoas físicas, inclusive de companheiros. Este, um capítulo também sendo escrito pela Operação Lava- Jato.

Com a descoberta do petrolão, em março de 2014, a empresa passou a ser vista com suspeição pelos mercados. Para agravar a situação, o petróleo havia entrado num ciclo de baixa. Se fosse uma empresa privada, a Petrobras teria entrado com pedido de recuperação judicial, para não quebrar.

A diretoria, com Aldemir Bendine na presidência, tem a meta de gerar US$ 14 bilhões para o caixa da companhia, por meio da venda de ativos. Mas o PT, responsável pela desestabilização da estatal, é contra, por fé ideológica. Desequilibrou a empresa e ainda impede sua reestruturação. Na origem de tudo, o aparelhamento de que a Petrobras foi vítima a partir de 2003. E o petrolão não é a única herança maldita da tomada de assalto da estatal por companheiros em aliança com empreiteiras e políticos, não apenas petistas.

O jornal “Valor Econômico” acaba de revelar que, neste aparelhamento, o governo Lula cedeu a área de recursos humanos da empresa a sindicalistas da Frente Única dos Petroleiros (FUP). A velha história da raposa guardiã de galinheiros.

Pois há um dossiê em que se relacionam medidas tomadas pelo RH companheiro contra os interesses do caixa da Petrobras que podem gerar perdas trabalhistas bem superiores aos R$ 6,2 bilhões já contabilizados em balanço da estatal devido à corrupção. Podem chegar a R$ 40 bilhões.

Aumenta o custo do controle lulopetista da estatal. Que um dia será arcado por todos os contribuintes, quando esses rombos forem tapados pelo Tesouro, maior acionista da empresa.

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