• Deputados governistas na comissão especial querem ganhar tempo para recompor grupo de sustentação do Planalto
Daniel Carvalho, Daiene Cardoso, Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Diante do encolhimento da base aliada, o governo, que antes defendia celeridade, mudou de estratégia e agora tenta protelar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Governistas querem que a Câmara estabeleça novo prazo para que a petista apresente sua defesa. Com isso, esperam ganhar tempo para que o governo haja na recomposição do grupo de sustentação do Planalto.
Na sessão de ontem, o presidente da comissão que discute a admissibilidade do processo na Casa, Rogério Rosso (PSD-DF), rejeitou o aditamento da delação do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (ex-PT-MS). A decisão foi tomada após a oposição abrir mão da inclusão da denúncia para evitar a judicialização. Um novo pedido de impeachment abordando a delação deve ser apresentado, mas a oposição ainda não divulgou quando e quem o protocolará.
Superada esta questão, os governistas passaram a reivindicar outras questões. Querem, por exemplo, que Dilma seja novamente notificada, agora, sem a menção à delação premiada do senador. “Ela tem que ser novamente notificada. O correto é abrir novo prazo”, disse Jandira Feghali (PC do B-RJ).
Vice-líder do governo, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) negou que o pedido seja uma manobra protelatória, e afirmou que, caso a solicitação não seja acatada em decisão administrativa, será levada ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Não podemos aceitar ilegalidades”, afirmou.
“Não quero acreditar que ainda existe algum movimento de protelação dessa questão. O povo brasileiro não vai entender ou não vai interpretar bem”, disse Rosso.
Os governistas também pretendem abordar a oitiva dos autores do requerimento, os juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal. O convite a eles foi feito em requerimentos e anunciado pelo relator do processo, Jovair Arantes (PTB-GO). Os governistas argumentarão que a denúncia já está apresentada e que não seria correto ouvi-los sem haver a apresentação da defesa. A comissão reúne-se hoje apenas para discutir questões administrativas.
Plenário. Concluída a tramitação do impeachment na comissão, o que está previsto para meados de abril, caso não haja atrasos, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer votar o parecer em um domingo. A intenção, segundo interlocutores do peemedebista, é garantir presença significativa de manifestantes diante do Congresso para pressionar os deputados. Oficialmente, Cunha diz que ainda não escolheu a data da votação.
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