- O Estado de S. Paulo
A fim de não incorrer em imperdoável grosseria, evitemos qualificar como “de jerico” a ideia de levar a presidente Dilma Rousseff a nomear Luiz Inácio da Silva para um ministério a fim de dar a ele o foro especial de Justiça reservado a autoridades de primeiro escalão dos Poderes Executivos e detentores de mandatos eletivos. Melhor dizer que mais parece ideia de inimigo.
Lula demonstra tirocínio ao resistir à sugestão e a presidente da República demonstraria bom senso ao recusar esse tipo de colaboração. Ruim para os dois em todos os aspectos. Para ele, seria o equivalente a assinar um recibo de culpabilidade e uma confirmação de que tenta mesmo fugir da alçada do juiz Sérgio Moro. Manobra óbvia.
Para ela, a inclusão no governo de um ministro que já chega ao cargo na condição de investigado. Além disso, alguém que a presidente não poderia demitir. Nem falemos em insuficiência de desempenho porque tal critério não faz parte do cardápio do Planalto. Se desse a Lula um cargo a título de proteção, não poderia tirá-lo em caso de condenação ou mesmo na eventualidade de vir a se tornar réu no Supremo Tribunal Federal.
Na concepção do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, um entusiasta da nomeação, “qualquer um gostaria de ter um Pelé no time”. Depende.
Um jogador machucado renderia mais malefícios que benefícios. E hoje é essa a condição de Lula da Silva: um craque de pé quebrado.
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