Daniela Lima – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - No momento em que o governo Dilma Rousseff vive o auge de sua fragilidade, dirigentes do PMDB e do PSDB assumiram nesta quarta-feira (9) que "vão trabalhar juntos para encontrar uma saída" para o país.
As declarações foram dadas no fim da noite, após umjantar patrocinado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em Brasília. O encontro reuniu as cúpulas dos dois partidos no Senado.
Do lado do PMDB, participaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o líder da sigla na Casa, Eunício Oliveira (CE), e o senador Romero Jucá (RR).
Já a cúpula do PSDB compareceu em peso. Foram ao local o senador Aécio Neves (MG), dirigente nacional da legenda, e os colegas José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG), Cássio Cunha Lima (PB) e Aloysio Nunes (SP).
Ao final da reunião, Tasso foi escalado para falar. "Há uma constatação de que o momento é bastante grave", iniciou. "Tanto o PMDB como o PSDB não podem ficar omissos. Vamos trabalhar juntos para encontrar, o mais breve possível, uma saída para a crise que o Brasil vive."
As palavras foram endossadas por Eunício. "Essa aqui é uma conversa de gente adulta preocupada com o país", ele afirmou. "Não viemos aqui derrubar o governo Dilma. Viemos buscar uma saída para a crise."
Impeachment
O peemedebista disse ainda que as duas siglas vão trabalhar para "aglutinar outras forças políticas a esse processo", numa indicação de que começarão a consultar líderes de outras legendas.
Eunício disse que não foi traçado um plano definitivo, mas admitiu que entre os cenários projetados pelos senadores estava o impeachment da presidente.
Segundo ele, os tucanos disseram ser "muito difícil" qualquer solução com Dilma. E o PMDB, o que disse? Os três integrantes da sigla ficaram em silêncio.
"O impeachment é uma realidade colocada, há um processo em andamento", afirmou Eunício. "Assim como há uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e outros cenários que angustiam a população. Há um sentimento no Congresso de que é preciso encontrar uma solução."
A associação pública entre as cúpulas do PSDB e do PMDB é inédita e indica quão delicada é a situação da presidente Dilma no Congresso. Renan e Eunício sempre foram considerados integrantes da ala do PMDB mais fiel à petista e, no entanto, sinalizam claramente na direção de uma aproximação com a oposição.
O presidente do Senado deixou o encontro sem falar com a imprensa. Jucá também evitou os jornalistas. A caminho do seu carro, no entanto, bateu no ombro de Anastasia e comentou: "Agora é hora de arregimentar as tropas". Questionado sobre o que falava, o peemedebista riu. Anastasia, por sua vez, fez piada: "é futebol".
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