quinta-feira, 10 de março de 2016

Temer diz a Wagner que PMDB se distanciará do governo

• Ministro da Casa Civil esteve com vice-presidente no Palácio do Jaburu

Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira ao ministro Jaques Wagner (Casa Civil) que o PMDB dará um passo no sentido de se distanciar do governo na convenção deste sábado, mas que não se sabe ainda o grau deste distanciamento. O aviso foi dado após Wagner procurar o vice na tarde desta quarta-feira, no Palácio do Jaburu, para perguntar sobre a possibilidade de rompimento do PMDB com o governo.

Segundo interlocutores de Temer, Wagner demonstrou preocupação com a convenção do partido. O vice-presidente disse que existe um grupo no PMDB que irá propor uma moção de independência e que ela deve ser votada no plenário pelos representantes dos diretórios. Há, ainda, um grupo de senadores e governadores do PMDB que costura uma posição mais “light” em relação ao governo, mas, na avaliação de Temer, é uma ala minoritária. Temer relatou ainda a Wagner que o clima em relação ao governo não está bom.

– Com as novas denúncias e o agravamento da crise, esse grupo que quer o rompimento com o governo hoje é majoritário e ostensivo. O partido quer um afastamento, só não se sabe ainda em que nível isto se dará – disse Temer a Wagner, segundo um auxiliar.

Há uma avaliação de que a ala que quer o rompimento com o governo hoje está mais forte, porque o grupo que defendia a permanência está “recolhido”. É o caso do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e também do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que tem adotado uma postura “eclética” na avaliação de aliados de Temer. Pela manhã, Renan esteve com o ex-presidente Lula; agora pela noite, se reúne com a cúpula do PSDB.

Na terça-feira, o GLOBO mostrou que a base peemedebista nos estados se mobilizava para aprovar no próximo sábado, durante convenção nacional que reconduzirá Temer ao comando partidário, uma moção pela independência. Só que para evitar serem associados aos movimentos contra o governo, o vice e seus principais aliados — como os ex-deputados Eliseu Padilha (RS) e Moreira Franco (RJ) — pretendem ficar longe dos holofotes.

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