Por Cristiane Agostine – Valor Econômico
SÃO PAULO - A defesa de nova eleição presidencial neste ano pode fazer com que a presidente Dilma Rousseff seja derrotada no Congresso e ao mesmo tempo perca o apoio da militância nas ruas. Essa é a análise do presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que tem articulado as principais manifestações contra o impeachment de Dilma. Para o dirigente sindical, seria um erro a presidente apoiar a proposta de redução de seu mandato.
"É uma ideia alucinada, que vai regulamentar o golpe", disse. Freitas criticou também a proposta de convocação de um plebiscito para decidir se o governo Dilma deve ou não continuar.
"Dilma não terá os votos suficientes no Congresso para aprovar e não terá o apoio da militância", disse o dirigente sindical. "Não apoiaremos de maneira nenhuma.
No domingo, Freitas tentou convencer Dilma a desistir da ideia de antecipar a eleição presidencial, em conversas durante comemoração do 1º de maio em São Paulo. Dilma usou o ato organizado pela CUT com movimentos populares, para acenar à militância com medidas como o reajuste do Bolsa Família. Nesta semana, Freitas deve ter um novo encontro com Dilma, em Brasília, e pretende reforçar as críticas tanto ao plebiscito quanto à redução do mandato.
"Dilma não pode enviar uma PEC [Proposta de Emenda à Constituição] nem apoiar qualquer PEC nesse sentido", afirmou. "Não adianta entrar nessa empreitada sem apoio da militância, que não irá para a rua para defender 'Diretas Já'. A presidente vai sair e vai continuar esse Congresso corrupto? Não apoiaremos".
Na sexta-feira, a proposta foi debatida em São Paulo durante encontro dos ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal da Presidência) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lideranças de movimentos populares como CUT, MST, UNE e MTST. Lula e os ministros tentaram convencer as entidades a apoiar a medida, mas os grupos estão divididos.
CUT e MST, que mobilizam milhares de pessoas para as manifestações em favor do mandato de Dilma, não querem a antecipação da eleição nem o plebiscito. Já a UNE e MTST apoiam as propostas.
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