Marina Dias, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff definiu em reunião nesta segunda-feira (2) os detalhes do que chamou de "bunker da resistência" de seu governo, estrutura que será montada no Palácio da Alvorada a partir da próxima semana com equipe oficial de, no máximo, 15 assessores.
Dilma também decidiu que no dia 12 de maio, quando deve começar a cumprir um afastamento do cargo por até 180 dias, deixará seu gabinete descendo a rampa principal do Palácio do Planalto, acompanhada de ministros, assessores, amigos e talvez até do ex-presidente Lula.
A partir daí, a petista vai reunir na residência oficial da Presidência um pequeno grupo de aliados do qual, oficialmente, não devem fazer parte ministros com sala no Planalto.
Jaques Wagner (Gabinete Pessoal da Presidência), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) cumprirão quarentena –período remunerado em que os ministros não podem exercer atividades profissionais para evitar conflito de interesses–, mas ajudarão "informalmente" o "QG" de Dilma.
Wagner estuda voltar à Bahia no período, enquanto Edinho deve concorrer às eleições para a Prefeitura de Araraquara (SP). Berzoini deve permanecer em Brasília.
Segundo a Folha apurou, além do grupo oficial que vai se estabelecer no Alvorada, há ministros petistas que podem trabalhar da sede do PT na capital, como é o caso de Berzoini, por exemplo.
Do seleto grupo oficial do Alvorada farão parte aliados como Giles Azevedo (assessor especial da Presidência), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), Carlos Gabas (Aviação Civil), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Alessandro Teixeira (Turismo), além do assessor pessoal da presidente, o jornalista Bruno Monteiro.
Dilma quer que a equipe reúna informações sobre seu governo e trace uma estratégia de enfrentamento para os até seis meses em que deve ficar afastada da Presidência enquanto o Senado julga seu impeachment.
Avião da FAB
Assessores do Planalto contam com a autorização do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que Dilma tenha à sua disposição, durante o tempo em que permanecer afastada, um avião da FAB (Força Área Brasileira), carros, seguranças e essa equipe de assessores, com algo entre 12 e 15 pessoas.
O ex-presidente Lula e dirigentes do PT estimulam que Dilma viaje pelo Brasil –e até a outros países– para denunciar o que chama de "golpe" e a "ilegitimidade" do governo de Michel Temer (PMDB).
Dilma foi aconselhada a deixar o cargo "com dignidade" e aceitou a ideia de descer a rampa do Palácio do Planalto no dia em que deve começar a cumprir seu afastamento do cargo.
Outros detalhes do que está sendo chamado de dia D para a presidente ainda estão sendo discutidos. Há quem defenda, por exemplo, a presença de Lula ao lado de Dilma para a descida da rampa. Ela, porém, ainda não bateu o martelo sobre o ritual.
A cúpula do PT deve levar militantes do partido e representantes de movimentos sociais para a frente do Palácio do Planalto, em ato de apoio à presidente.
Os petistas querem fazer do ato um momento simbólico para estimular a base social a se manter mobilizada.
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