• Com 11,44 milhões de pessoas, população desocupada é a maior já registrada
Marcello Corrêa – O Globo
RIO - A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,2% no trimestre encerrado em maio, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. O resultado ficou exatamente no mesmo patamar registrado no trimestre encerrado no mês anterior, já que no levantamento de abril, o índice também ficou em 11,2%.
Em um ano, população desocupada cresceu 40,3%, para 11,4 milhões, frente a igual período do ano passado. Esse contingente é o maior já registrado pela pesquisa do IBGE, que começou em 2012.
Também representa um acréscimo de 3,3 milhões de pessoas na fila de desempregados. Na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro, o aumento da população desocupada foi de 10,3%, o equivalente a mais 1,1 milhão de pessoas nesse grupo. O IBGE compara o trimestre fechado em abril ou período fechado em fevereiro por uma questão metodológica.
Já a população ocupada registrou queda de 1,4%, em relação ao ano passado, para 90,8 milhões de pessoas. Isso significa que 1,2 milhão de pessoas a menos estavam empregadas.
O rendimento médio caiu 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado, ficando em R$ 1.982. Frente ao trimestre fechado em fevereiro, o número ficou estável. A massa de rendimento real, — que é a soma da renda de todos os trabalhadores e é um importante indicador para o nível de consumo da população — teve queda de 3,3% frente ao ano passado, para R$ 175,6 bilhões.
— Isso significa dizer que a gente tem menos dinheiro de mercado de trabalho circulando. Isso influencia redução de gasto, que pode entrar naquele ciclo vicioso, de queda no comércio, na construção. O mercado brasileiro hoje vive um ciclo vicioso — explica Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Diante do quadro ainda desfavorável do mercado de trabalho, o número de empregados com carteira assinada recuou 4,2% frente ao ano anterior. Isso significa que 1,5 milhão de pessoas saíram do mercado formal. Segundo o IBGE, a queda com o emprego com carteira é o principal fator de desestruturação do mercado de trabalho. Com a perda da qualidade do trabalho, aumenta a pressão para que mais integrantes das famílias, como jovens e idosos, busquem trabalho, o que contribui para aumentar o nível de desocupação.
— Está acontecendo o crescimento demográfico. As pessoas vão para a força de trabalho, mas há pessoas que estão saindo de fora da força para compor essa falta de estabilidade que está acontecendo. O que mais compromete não é só a perda do emprego, mas a perda da estabilidade. Isso obriga as pessoas que estavam fora da força a tentar recompor essa estabilidade que se perdeu — explicou Azeredo.
Maioria das demissões na indústria
Na comparação por setores da economia, a indústria foi o segmento que mais demitiu em maio. Na comparação com o ano passado, a queda da população ocupada nessa atividade foi de 10,7%, ou 1,4 milhão de pessoas. Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, este número poderia ser ainda maior, se considerasse o elevado contingente de trabalhadores terceirizados no setor que também foram dispensados. De acordo com Azeredo, boa parte desses profissionais atuam na categoria “informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas”, que registrou queda de 8,6%, o que representa uma redução de 919 mil empregados, em um ano.
Não há um indicador preciso, mas, tradicionalmente, esse grupo tem elevada parcela de terceirizados, afirmou Azeredo:
— A demissão poderia ser maior na indústria, se incluíssemos na conta os trabalhadores terceirizados.
Os números são revelados uma semana após o governo informar que o mercado formal de trabalho fechou 72.615 vagas no mês passado. Foi o 14° resultado negativo consecutivo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O saldo, no entanto, é melhor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 115.599 postos foram eliminados.
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