• Caiado disse que o Executivo 'não pode tergiversar' sobre o assunto e que falta 'pulso firme' e sinalização de um norte
Idiana Tomazelli - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA – Na tentativa de estabelecer um diálogo com senadores para encaminhar a pauta econômica do governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acabou deixando alguns políticos insatisfeitos com o tom evasivo sobre a posição da equipe econômica em relação a temas como o reajuste de servidores. O debate em torno da questão acabou virando polêmica durante jantar na noite desta terça-feira, 28, na residência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os senadores buscavam uma sinalização clara do Executivo sobre que postura adotar diante dos diversos projetos de aumentos de salários que tramitam no Congresso, justamente no momento em que o governo fala na necessidade de conter gastos diante de um déficit primário de R$ 170,5 bilhões neste ano e outro déficit, ainda a ser estimado, para o ano que vem. “Os senadores insistiram muito para que ele dissesse sim ou não (aos reajustes), mas na verdade ele não quis ser tão contundente”, contou o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Alves minimizou as críticas à postura de Meirelles e afirmou que o ministro “não quis ultrapassar limites”, deixando a avaliação do tema com o Congresso. Mas o tom evasivo foi justamente a reclamação do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que saiu mais cedo do jantar. O democrata disse que o Executivo “não pode tergiversar” sobre o assunto e que falta “pulso firme” e sinalização de um norte em questões que podem impactar ainda mais as finanças públicas.
O debate começou quando, logo no início das conversas, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disparou uma pergunta a Meirelles sobre qual deveria ser a postura do Senado ante os projetos que concedem reajustes a servidores justamente num momento em que o governo tenta apertar o cinto e conter gastos. Os senadores buscavam uma sinalização sobre a posição do Executivo, mas a resposta “não foi muito objetiva”, segundo Caiado.
“O ministro disse que o parlamento vai analisar, avaliar, mas lógico que nossa posição é clara, não vamos apoiar todos esses aumentos propostos. Mas é preciso ter posição do governo”, relatou o senador democrata. “O governo mais do que nunca tem que ser sinalizador.”
A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) reconheceu que o tema dos reajustes “foi polêmico”, mas disse que o governo tem dificuldade de tomar medidas que frustrem expectativas já criadas, como a dos servidores em obter o reajuste. Questionada se Meirelles havia fugido da questão, ela afirmou que “pelo contrário”.
“Ele estava muito firme, disse que tudo está sendo estudado, elaborado. Estão programando tudo que vai ser despesa do governo”, contou a senadora.
Além do tema dos reajustes, a Proposta de Emenda à Constitução (PEC) do teto de gastos e a situação dos Estados também dominaram as conversas durante o jantar. Os relatos, porém, são de que Meirelles adotou cautela em todos os assuntos, sem ser taxativo.
O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também esteve presente, embora o compromisso não constasse em sua agenda oficial. O jantar havia sido marcado para 20h30. Meirelles chegou por volta de 21h e deixou a residência oficial do Senado às 23h40, já no fim do evento.
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